62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Memória e silenciamento: os lugares de Mattoso Câmara na institucionalização da linguística |
Autor(es): | PATRICIA CARDOSO. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | MEMÓRIA, MEMÓRIA, INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LINGUÍSTICA |
Resumo |
Este trabalho propõe, a luz dos pressupostos da Análise do Discurso pensados com (e a partir de) Michel Foucault, investigar os modos de existência material da memória, instaurados pelo jogo de relações poder-saber e os acontecimentos discursivos que permitiram a constituição de certos percursos e não de outros na ordem do discurso. Mais especificamente, analisa os efeitos de sentido (re)produzidos por discursos que delinearam o surgimento da Linguística no Brasil, a partir dos anos 40. Considera, prioritariamente: (i) o funcionamento do silêncio (ORLANDI, 1997) instalado num limiar do sentido, mediante a junção entre história e matéria significante, atravessando as palavras e evidenciando, dessa forma, o caráter heterogêneo do discurso feito de esquecimentos e silenciamentos; (ii) o papel da memória (PÊCHEUX, 2007) como condição sócio-histórica de acesso aos sentidos e aos discursos que legitimaram uma teoria Linguística. Esta pesquisa elege como percurso de análise trabalhos de Joaquim Mattoso Camara Jr., considerando as contribuições desse linguista no campo da ciência da linguagem. São trabalhos que constituem um importante e fundante domínio de memória organizado num momento em que era caro e arriscado pensar numa teoria que não fosse a filológica. Em face, mais particularmente, do acontecimento discursivo do início de um processo de institucionalização da Linguística, imersa em uma política histórica silenciadora, focalizamos a desestabilização de certezas, as rupturas no percurso histórico e teórico dos estudos da língua(gem) em desenvolvimento. Assim, as análises apontam as transformações dos saberes em torno da Linguística; dá visibilidade aos jogos de poder e aos procedimentos reguladores que silenciam outros/novos saberes, notadamente os propostos por Matosso Câmara. Tais saberes, ousamos dizer, foram silenciados (parcialmente) de forma a haver, na tensão entre apagamento e reverberação, espaços para a instauração de novos dizeres, novas formas de pensar e conceber a língua/linguagem. Concluímos mostrando que o fato de as ideias linguísticas mattosianas terem sido silenciadas na década de 40 e de suas propostas ressoarem mais fortemente somente na década de 60, conforme postula Altman (2004), esse importante linguista é mais valorizado hoje como precursor do que linguista moderno. |