62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Nomeação e qualificação na construção semiolinguística dos guerrilheiros-personagens em Operação Araguaia: os arquivos secretos da guerrilha |
Autor(es): | Simone Xavier Pontes. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Nominalização, Nominalização, Semiolinguística |
Resumo |
Neste trabalho, investigaram-se as atividades de nomeação (Koch, 2004) e de qualificação (Kerbrat-Orecchionni, 1980), isto é, realizou-se um estudo reflexivo acerca da estrutura textual responsável pela construção da Narrativa de Extração Histórica, denominada “Operação Araguaia: os arquivos secretos da guerrilha”. Este trabalho analisou como são apresentados, do ponto de vista linguístico-discursivo, os guerrilheiros-personagens no gênero textual – Narrativa de Extração Histórica –, considerando os modos de organização do discurso, segundo Charaudeau (2008) – o narrativo, o descritivo, o argumentativo e o enunciativo. Adotou-se o composto Narrativa de Extração Histórica, para classificar “Operação Araguaia...”, a priori, por ser um termo de caráter mais genérico. Em seguida, pelo fato de esta narrativa utilizar um fato histórico (a Guerrilha do Araguaia), que possui comprovação documental, como matéria-prima literária. E, principalmente, pelo fato de existir, nesta narrativa, o que se denomina por Trouche (2005) um diálogo entre os fatos históricos por si mesmos e a maneira como foram relatados neste gênero textual. Ou seja, corroborando o autor (idem), percebeu-se, em “Operação Araguaia...”, a relativização entre os limites da História e da Literatura, que se justifica tanto pelas características do própria Narrativa quanto pelos aspectos semântico-comunicativos nela observados, neste caso, as atividades de Nomeação e Qualificação. Vale mencionar, ainda, que tal Guerrilha foi considerada o movimento de luta armada mais importante contra a Ditadura Militar, imposta no Brasil, com o Golpe Militar de 1964. As atividades de nomeação (representadas pelo uso de expressões nominais correferenciais diretas e de expressões não-correferenciais indiretas) e as atividades de qualificação (representadas pelo emprego de adjetivos avaliativos e subjetivos) são responsáveis pela construção “imagética” dos jovens-guerrilheiros, ou seja, pela construção do seu “ethos” (Maingueneau, 2005). Isto porque, com o uso destas nomeações e qualificações, de eminente valor semântico-discursivo “positivo”, tais jovens, outrora estudantes de classe média (oriundos de universidades públicas, nas décadas de 1960 e 1970), assumem, na narrativa, uma atuação quase “fantástica”, ou seja, são tratados quase como “heróis”. Desse modo, além da construção “imagética” destes jovens-guerrilheiros, as nomeações e qualificações empregadas concederam à própria narrativa, de certa forma, um caráter “literário” ou pessoal. Isto é, essas nomeações e qualificações apresentam-nos a história sob uma perspectiva “ideológica”. |