Programação do 62º seminário do GEL

A contemporaneidade tem como uma de suas principais características os avanços tecnológicos, sobretudo nas áreas da informação e da comunicação que demandam novas competências de todas as esferas da sociedade, inclusive da escola, que tem um papel fundamental na formação de cidadãos críticos e protagonistas. Assim, professores de todas as disciplinas deparam-se com novos desafios praticamente impostos pelas atuais necessidades cotidianas. No caso do ensino de Língua Portuguesa (LP), especificamente em relação à leitura, o docente precisa atuar cada vez mais como um verdadeiro “designer de significação de novas tecnologias” (ROJO, 2011) devido às diversas linguagens, semioses e culturas contemporâneas. Sendo a leitura parte importantíssima do processo de ensino-aprendizagem de LM, este cenário exige que personagens escolares como os PCN, o Edital e o Guia do Livro Didático de Língua Portuguesa do PNLD e outros referenciais, LDs, discentes e docentes trabalhem de forma integrada a fim de desenvolverem práticas situadas de multiletramentos que atendam as atuais demandas que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) exigem para formar alunos que sejam “analistas críticos” (ROJO, 2012:28) que respondam ativamente e apreciem valorativamente o que leem, o que escrevem e o que veem não apenas em termos de linguagem verbal, mas sim e também em termos de multimodalidade, multissemiose, multimídia e hipermídia. Assim, o objetivo deste estudo é pesquisar sobre a possibilidade da adoção da pedagogia dos multiletramentos (Grupo de Nova Londres) no ensino de leitura no Brasil, mais precisamente nos anos finais do Ensino Fundamental II. O quadro teórico-metodológico desenha-se através do estudo da pedagogia dos multiletramentos articulada à teoria dos Gêneros do Discurso (Bakhtin/Volochínov, 1997 [1929]) e da análise de documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCN), o Edital e o Guia do Livro Didático de Língua Portuguesa oriundos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e livros didáticos (doravante LDs) de língua materna, a fim de verificar se os aspectos e processos tradicionalmente valorizados pela cultura escolar dão embasamento ou não para uma nova concepção de ensino que visa desenvolver multiletramentos e letramentos críticos nos alunos.