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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Campanha do agasalho e futebol: como este discurso faz sentido
Autor(es): Viviane Vasconcelos Santa Rosa. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Formação Discursiva, Formação Discursiva, Publicidade
Resumo

Este trabalho busca observar o funcionamento da ideologia capitalista nos comerciais da Campanha do Agasalho de 2010 protagonizadas por ídolos do futebol e patrocinados pelo Governo de São Paulo. O objetivo é mostrar quais os recursos linguísticos e imagéticos que entram na construção da mensagem permitidos por aquela formação discursiva, a fim de garantir um efeito de sentido que, por um lado, valorize a imagem pública de responsabilidade social daquele órgão e também dos cidadãos engajados na campanha, sem, no entanto, admitir a existência da pobreza no Estado, que tem parte da população sem condições de comprar nem mesmo um cobertor. A análise do corpus permitiu verificar que o Governo de São Paulo se exime da função de proporcionar igualdade de condições a todos os cidadãos, como um emprego digno, por exemplo; demonstrando que a falta de agasalho não significa carência financeira, mas carência de afeto, explorada pelo campo semântico da palavra “agasalho”, que também pode significar “acolher” “abraçar”. Este conceito é reforçado pelo slogan da campanha: “Quanto mais gente, mais quente”. Por outro lado, a identificação do público-alvo com a formação discursiva da solidariedade vai acontecer a partir da ideia de que os “doadores” também são vencedores, assim como os jogadores famosos que atuam nos comerciais. Os mendigos, ou seja, os perdedores, não aparecem em nenhum momento no vídeo, há um apagamento da pobreza, com exceção da utilização de um cenário, sem nenhum elemento, a não ser um fundo infinito branco, onde acontecem as cenas, ou seja, esta é a representação da pobreza. Que também se vale de uma simples  caixa de papelão, símbolo da campanha, onde são depositadas as roupas e cobertores. A análise do corpus é de cunho qualitativo, baseada nos pressupostos teóricos da análise do discurso francesa e no conceito de formação discursiva desenvolvido por Michel Pêcheux, nas considerações de Louis Althusser sobre os Aparelhos Ideológicos do Estado e também nas reflexões sobre o silêncio, trazidas por Eni Orlandi.