62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Estereótipos e circulação: o caso dos personagens infantis de tiras cômicas |
Autor(es): | Márcio Antônio Gatti. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Estereótipo, Estereótipo, Circulação dos discursos |
Resumo |
As tiras cômicas são um gênero do discurso que circulam principalmente, desde um bom tempo, em jornais do país e do mundo. Mas em alguns casos, elas “escapam” desse suporte, migrando para coletâneas muito bem editadas. No caso das tiras cômicas cujos protagonistas são personagens infantis, esse é um fenômeno bastante comum, basta que se recorde das várias coletâneas da turma de Peanuts, ou daquelas de Calvin e Haroldo. Tal fato cria aparentemente uma quebra num aspecto importante da circulação das tiras cômicas com personagens infantis no seu suporte original: o intervalo temporal de publicação entre as tiras. Este, homogeneamente disperso e longevo, passa a ser, com a publicação de coletâneas, pontual e concentrado. Mas essas tiras e, ainda mais, seus personagens, têm migrado para, também, outros suportes, como os da Internet. Nesse caso, principalmente o das redes sociais. Aqui, uma outra dispersão se impõe e outros fatores são, então, postos a funcionar, como o recorte, o comentário e mesmo a alteração. Trabalhando com os pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa e analisando a circulação das tiras por diversos suportes e dos estereótipos pelo campo discursivo do humor (Possenti, 2010), pretende-se observar a relevância dos estereótipos da criança que circulam nas tiras nessa nova “situação de publicação” imposta pelas redes sociais da Internet. Além disso, considerando alguns casos de tiras veiculadas nas redes sociais, pretende-se debater o conceito de aforização (Maingueneau, 2010) quando aplicado a textos não verbais – já que as tiras são inseridas muitas vezes parcialmente ou mesmo de forma alterada num comentário ou num compartilhamento de algum participante das redes sociais, evidenciando uma proximidade com o estatuto da aforização. Debatendo esse conceito, tratar-se-á, de confirmar a hipótese de que há um estereótipo mais geral para a criança, o estereótipo da ingenuidade, que serviria como base para o discurso de uma série de tiras, funcionando como um lastro de memória desse mesmo discurso, dando a possibilidade de que certos dizeres (muitos vezes proibidos a outros falantes) sejam postos a funcionar “na boca” de uma criança. |