62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Inovações lexicais na aquisição de linguagem |
Autor(es): | Camila Rossetti Vieira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Aquisição de Linguagem, Aquisição de Linguagem, Interacionismo |
Resumo |
A partir de um quadro teórico interacionista (DE LEMOS, 2006), conforme já averiguou FIGUEIRA (1995, 1996, 2010), um dos aspectos mais sobressalentes no processo de aquisição de linguagem é, sem dúvida, a inovação lexical. É grande o número de palavras novas na fala da criança, como “viração” para ato de virar (por exemplo), que, embora não dicionarizadas, podem ser compreendidas por um falante nativo, já que suas unidades (a base “virar” e o sufixo –ção) estão presentes na Língua Portuguesa. No entanto, existe com frequência uma série de palavras que escapam a esse tipo de classificação, uma vez que o inovar, nesses casos, revela-se em unidades inesperadas, causando surpresa ao interlocutor, pois há falta de um significante que faça sentido (CARVALHO, 2011). É esse o caso, por exemplo, do dado “espitador”, em que é possível reconhecer a presença do sufixo -dor, mas a base da palavra não é dicionarizada. Levando isso em consideração, o objetivo dessa pesquisa foi o de desenvolver uma reflexão sobre a relação da criança com a língua, a partir de sua fala. Para tanto colocamos como foco de análise as inovações lexicais, em especial aquelas que convocam a (re)pensar os caminhos e limites do possível na aquisição da morfologia lexical da Língua Portuguesa. Nesse sentido, foram trazidos e analisados dados de RA - sujeito cujo corpus está disponível em Projeto de Aquisição de Linguagem Oral do CEDAE/IEL/UNICAMP. Assim, pudemos averiguar como se constituem os limites da inovação lexical e como a criança, estando em processo de captura pela língua, por vezes “empurra” esses limites para uma dimensão que vai além do material e linguisticamente possível (MILNER, 1995). A conclusão a que chegamos é que esse movimento inesperado e singular dá lugar ao reconhecimento de um momento que “lalangue faz nó com a língua” (FELIPETO, 2008, p. 15-16), em que o todo é furado pelo não-todo, próprio do equívoco. É nesse momento que a atividade gramatical da criança ressoa um fenômeno da língua, mas empurra seus limites e desvia seus caminhos, transvariando (FIGUEIRA, 2010) (Apoio CNPq – Processo 132063/2013 -1). |