62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Padrão linguístico culto em jornais do Ginásio de Campinas: infinitivas preposicionadas e clíticos |
Autor(es): | Giovanna Ike Coan. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | clíticos, clíticos, Ginásio de Campinas |
Resumo |
Esta comunicação tem como objeto de estudo a colocação pronominal em periódicos escritos por alunos de uma importante instituição de ensino de Campinas/ SP, o Colégio Culto à Ciência – que, na década de 1890, passou a ser o Ginásio Estadual de Campinas. O “corpus” analisado constitui-se de edições dos jornais “O Culto á Sciencia”, da década de 1880, “Gymnasio de Campinas” e “Gazeta Gymnasial”, ambos da década de 1900. Neste trabalho, os contextos sintáticos enfocados são as orações infinitivas regidas por preposição e as orações subordinadas. As infinitivas preposicionadas sempre foram, na história da língua portuguesa, um contexto de variação na colocação dos clíticos, escapando, inclusive, da rigidez da gramática normativa. Pesquisas recentes têm enfatizado a correlação entre os índices distintos de próclise e ênclise e o tipo de preposição empregado. A comparação das variedades brasileira (PB) e europeia do português (PE), em “corpora” de escritores oitocentistas, revela, para o PE, a especialização da ênclise diante da preposição “a” e a próclise ocorrendo com as demais preposições, como “de” e “para” (OLIVEIRA, 2011). Porém, no PB, constata-se a passagem de uma gramática essencialmente enclítica (autores românticos), semelhante ao Português Clássico, para uma gramática essencialmente proclítica (autores modernistas). A preferência pela ênclise com todas as preposições é atestada na escrita de intelectuais paulistas republicanos do final do século XIX (SANTOS SILVA, 2012), e também no exame da produção de Júlio Ribeiro e Coelho Neto, professores de português no colégio em questão, e na análise de ofícios produzidos pelo Ginásio de Campinas entre 1896 e 1910 (COAN, 2013). Já o interesse pela colocação dos clíticos nas orações subordinadas advém do fato de que, embora contenham atratores pronominais (i.e. conjunções subordinativas e pronomes relativos), estudos demonstram que a ênclise, nesse contexto, tinha espaço na variedade culta do PB na passagem do século XIX ao XX (cf. OLIVEIRA, op. cit.; SANTOS SILVA, op. cit.). Dessa forma, por meio da colocação pronominal, objetivamos investigar o padrão linguístico culto dos alunos da instituição, verificando também se havia aproximação ao modelo dos românticos brasileiros ou ao modelo do PE. Os resultados serão cotejados com aqueles obtidos na análise da produção dos docentes e dos ofícios do colégio. Sob o enfoque da História Social da Língua Portuguesa, o trabalho ainda busca dialogar com outras investigações sobre o fenômeno, as instituições escolares paulistas e a sociedade brasileira do período. |