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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Construções condicionais no discurso de autoajuda
Autor(es): Anna Flora Brunelli, Gisele Cássia de Sousa. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave construções condicionais, construções condicionais, discurso de autoajuda
Resumo

De modo geral, as publicações de autoajuda prometem ensinar fórmulas infalíveis para a realização bem sucedida de uma série de tarefas, ligadas a aspirações corriqueiras, comuns a um conjunto indefinível de pessoas, tais como: ter sucesso profissional e financeiro, conquistar autoconfiança, o parceiro ideal ou um emprego melhor, curar doenças crônicas etc. Assim, trata-se de um discurso que apresenta, ao lado de um conjunto relativamente pequeno de teses (que se repetem constantemente por meio de paráfrases), um conjunto de enunciados que orientam os sujeitos em seu caminho rumo ao sucesso. Espécie de manual de sobrevivência para o homem pós-moderno, o discurso de a autoajuda dispensa as discussões de suas teses ao apresentá-las como verdades inquestionáveis e, no lugar de fomentar uma reflexão adequada a respeito das verdadeiras causas dos problemas de seus leitores, oferece a eles supostas “receitas” contra a angústia, o medo, a falta de confiança própria, como se realmente pudesse resolver os problemas do sujeito contemporâneo que, perdendo as antigas referências, precisa que lhe digam como gerir sua vida. Daí a grande quantidade de imperativos e de enunciados deonticamente modalizados empregados nesse discurso, que o deixam marcado por um tom autoritário. Por outro lado, o discurso de autoajuda emprega outros recursos de expressão que lhe conferem um tom menos autoritário, como forma de persuasão para levar os sujeitos leitores a acreditarem na validade de suas orientações. Entre esses recursos está o emprego das construções condicionais. O objetivo deste trabalho é analisar o funcionamento dessas construções, mais especificamente das canônicas, com orações iniciadas pela conjunção se, no discurso de autoajuda. Para tanto, analisam-se, do ponto de vista semântico-pragmático, as construções condicionais encontradas em duas obras de autoajuda escritas originalmente em língua portuguesa (RIBEIRO, 1992; CLEGORN, 1998). A análise revela que, na prótase das chamadas condicionais factuais e eventuais (NEVES, 2000), encontra-se frequentemente uma orientação a ser seguida pelo leitor, e, na apódose, uma consequência a ser obtida, positiva ou negativa, a depender da adoção ou não da orientação proposta. As denominadas condicionais contrafactuais (NEVES, 2000), por sua vez, tendem a ser empregadas na exemplificação de situações criadas para fundamentar as orientações e teses apresentadas. Desse modo, pode-se dizer que o tom autoritário do discurso de autoajuda fica atenuado, pois, a partir da criação de mundos hipotéticos, que se faz com essas construções, distanciam-se a realidade e a força impositiva dos atos de fala desse discurso.