62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Cenas de enunciação e ethos discursivo: análise do discurso de autoajuda para adolescentes |
Autor(es): | Marília Molina Furlan. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | cenografia, cenografia, autoajuda |
Resumo |
Esta pesquisa teve como objetivo analisar o discurso de autoajuda para adolescentes, por meio do aparato teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa, com ênfase nas reflexões que Maingueneau desenvolve sobre a noção de ethos discursivo. Para tanto, selecionamos e descrevemos quatro obras representativas desse discurso. O interesse pela noção de ethos discursivo, definido por Maingueneau (2005) como a imagem que o sujeito enunciador projeta de si pela sua enunciação, justifica-se pelo papel que essa imagem, ligada a estereótipos sociais, desempenha no processo de adesão do público ao discurso, ou seja, o ethos está diretamente ligado à eficácia discursiva. Além disso, o ethos participa da constituição da cenografia do discurso, cena que o discurso pressupõe para ser enunciado e que ele valida por sua própria enunciação. O córpus constituiu-se de quatro obras, a saber: Tipo assim: adolescente (BAUER; FRANCINE, 2005); O livro do adolescente: discutindo ideias e atitudes com o jovem de hoje (IACOCCA; IACOCCA, 2008); Por que estou assim? Os momentos difíceis da adolescência (WEINBERG, 2007) e Não faça tempestade em copo d’água para adolescentes: maneiras simples de manter a calma nos momentos de estresse (CARLSON, 2001). Considerando-se aspectos da superfície discursiva das obras do córpus (tais como modalidade, gêneros discursivos, definições e explicações, glosas, modalização autonímica, marcadores discursivos, procedimentos argumentativos, enunciação aforizante, entre outros), a análise revelou a heterogeneidade tanto dosethé do discurso de autoajuda para adolescentes quanto das cenografias articuladas a esses ethé. A análise também indica que se trata de ethé e de cenografias diferentes das relativas ao discurso de autoajuda para adultos. Assim, em três das obras analisadas, nota-se a atenuação do tom autoritário típico desse discurso, quando ele se dirige a adultos. Por outro lado, uma das obras do córpus (a de CARLSON, 2001), obra americana traduzida no Brasil, está mais próxima ao discurso de autoajuda para adultos, pois apresenta o mesmo tom impositivo que caracteriza essa vertente de discurso de autoajuda. |