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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: O estatuto das concordâncias verbais de 1PP e 3PP no português paulistano
Autor(es): Livia Oushiro. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 27/07/2024
Palavra-chave português paulistano, português paulistano, concordância verbal de 3PP
Resumo

Este trabalho investiga o encaixamento linguístico e social das concordâncias verbais de primeira (1PP) e de terceira (3PP) pessoa do plural, numa amostra robusta e contemporânea com 118 falantes paulistanos, a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (Labov 1972). Em estudos prévios, Rodrigues (1987) e Coelho (2006) examinaram essas variáveis em amostras da fala popular. Rodrigues (1987) aponta que a variante não-padrão da 1PP (1PP-0, p.ex. nós vai) tem significado social diferente da não-concordância de 3PP (3PP-0, p.ex. eles vai) pois, apesar de ambas serem proscritas na norma culta, a primeira identifica o falante de origem rural. Coelho (2006), vinte anos mais tarde, avalia que 1PP-0, como em “é nóis”, adquiriu um novo significado social entre os jovens da periferia paulistana, como marca de identidade social. O presente trabalho examina até que ponto 1PP-0 pode haver se estendido dentre certos grupos sociais paulistanos, e compara padrões de variação entre as duas variáveis. De um conjunto de mais de 6 mil dados, os resultados de análises multivariadas com o RBrul mostram que 1PP-0 e 3PP-0 são relativamente infrequentes na fala de paulistanos nativos (13,2% e 14,5% respectivamente). Por um lado, os condicionamentos linguísticos são semelhantes: ambas se correlacionam com o tipo e a posição de sujeito, paralelismo (Scherre; Naro 1992), e saliência fônica (Naro 1981). Por outro, as variáveis se diferenciam em seus condicionamentos sociais. A estratificação social é maior para 1PP do que para 3PP quanto ao nível de escolaridade e sexo/gênero; ao mesmo tempo, região de residência (centro vs. periferia) é relevante para 1PP, mas não para 3PP, enquanto que faixa etária é relevante para 3PP, mas não para 1PP. Assim, embora não desconfirme os resultados de Coelho (2006), a presente análise não dá suporte à hipótese de expansão de 1PP-0 entre os mais jovens, e fornece evidências dos diferentes condicionamentos sociais das variáveis na comunidade paulistana.

Referências

Coelho, R. (2006) É nóis na fita! Duas variáveis linguísticas numa vizinhança da periferia paulistana. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

Labov, W. (1972) Sociolinguistic patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.

Naro, A.J. (1981) The social and structural dimensions of a syntactic change. Language 57, 63-98.

Rodrigues, A.C.S. (1987) A concordância verbal no português popular em São Paulo. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

Scherre, M.M.P.; Naro, A.J. (1992) The serial effect on internal and external variables. Language variation and change 4, 1-13.

(Apoio: FAPESP – Processo 2011/09122-6)