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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Um breve estudo das relações possessivas em Terena (Arawak)
Autor(es): Caroline Pereira de Oliveira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Morfologia, Morfologia, Terena (Arawak)
Resumo

A língua terena, pertencente à família Arawak, conforme afirma Aikhenvald (1999), cuja ordem sintática é SOV (Nascimento (2012); Rosa (2010)), é falada hoje por uma população de aproximadamente 16 (dezesseis) mil pessoas, vivendo no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul nas reservas indígenas localizadas nos municípios de Campo Grande, Nioaque, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Anastácio, Aquidauana e Miranda. Neste trabalho propomos uma discussão sobre a marcação de posse que ocorre nesta língua, seja na forma de seus pronomes possessivos bem como em demais estruturas possessivas. Dixon (2013) afirma que muitas línguas apresentam diferentes formas de construção possessiva, talvez uma para propriedade, uma para parentesco e uma para partes do todo em que cada um destes tipos podem receber uma marcação distinta. Geralmente, de acordo com o autor, em muitas línguas, o termo possuído é o núcleo do SN. Seiler (1983: 4) aponta para o domínio de posse, em termos semânticos, como uma relação definida como bio-cultural, ou seja, uma relação entre o homem, seu parentesco, suas partes do corpo, seus objetos pessoais, seus produtos culturais e intelectuais. Terena, assim como as demais línguas Arawak, apresenta marcas morfológicas de posse diferentes para nomes alienáveis e inalienáveis. Para os nomes inalienáveis em Arawak, de acordo com Aikhenvald (1999: 82), há a possibilidade de (i) para partes do corpo haver uma forma não-possuída (“absoluta” para Payne 1991: 379) com a marca sufixal {-ti}, enquanto que para (ii) nomes de parentesco esta forma não ocorre. Ainda conforme esta autora, as formas alienáveis, por outro lado, marcam posse com um sufixo, como, por exemplo, -na. Em terena, esse mesmo morfema pode ser encontrado na seguinte construção: mbola-na wakamoto ‘bola-POSS couro’. Existe uma discordância quanto à explicação do morfema possessivo {-ti} em outra língua Arawak, a língua Kinikinau, em que Souza (2008) aponta que este morfema marca posse não-específica de nomes alienáveis, diferentemente do que afirma Aikhenvald (1999). Diante disso, nossa proposta é a apresentação e discussão dos possessivos em Terena.