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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Os efeitos de sentido e expressividade como marcas de estilo em O sertanejo falando, de João Cabral de Melo Neto
Autor(es): Luci Cleide Cardoso. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Estilística, Estilística, Poema
Resumo

Propomos, nesta comunicação, que se insere em trabalho de pesquisa desenvolvido no âmbito das atividades do grupo de Estudos Estilísticos do Programa de Mestrado da Universidade Cruzeiro do Sul, a análise da construção dos efeitos de sentido e da expressividade no poema O Sertanejo Falando, de João Cabral de Melo Neto. Optamos pela linha teórica da Estilística para investigar os elementos estruturais – fônicos, lexicais e sintáticos – presentes no enunciado. O poema apresenta três aspectos relevantes: o uso recorrente de imagens (concretas, sensíveis e imaginativas), a sonoridade e a pontuação, que reconstituí a entoação pretendida pelo autor para regular o movimento do poema. As imagens avultam uma figura de linguagem em especial: a metáfora. As pedras são elementos simbólicos para representar a fala do sertanejo, bem como, a própria condição de vida no sertão. Não há valorização do lirismo que, na poesia, representa a subjetividade e estado de espírito do eu-lírico, mas, sim, um olhar desapaixonado da realidade, exteriorizado por versos duros, de difícil memorização, em que não se tem a preocupação em conceder espaço ao imediato entendimento do leitor. É um exercício para o olhar e ouvidos. A sonoridade é evidenciada por assonâncias e aliterações, que imprimem sons e sensações tanto agradáveis quanto desconfortáveis. Notamos, além disso, o emprego dos verbos sem flexão e no presente do indicativo, em parte pela descritividade predominante nos versos, mas, também, como recurso para a retomada do processo de repetição ou recursividade da condição de vida do sertanejo. Os verbos, assim como a ausência do pronome em primeira pessoa (eu), contribuem para o ocultamento do eu-lírico. A sintaxe, por sua vez, aproxima o texto da prosa e da oralidade. A escolha de certas palavras engendram significados duplos, um jogo, que atribui ainda mais expressividade ao poema. Determinar o estilo não é algo simples e objetivo, mesmo porque o emprego da linguagem no discurso literário é subjetivo e depende da interação com o outro, da alteridade, além de fatores sócio-históricos que não devem ser desprezados. Nosso intuito foi destacar alguns usos da língua, empregados discursivamente pelo poeta para alcançar efeitos de sentidos e expressividade, sem esgotar o material linguístico para uma pesquisa mais minuciosa.