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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: O uso do infinitivo flexionado em PB
Autor(es): Fernanda Canever. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Infinitivo flexionado, Infinitivo flexionado, Extração automática de dados
Resumo

Inúmeros são os contextos sintáticos em que o emprego do infinitivo flexionado é considerado opcional em português brasileiro (PB) (Maurer 1968, Cunha & Cintra 2008, Modesto 2011). Visando a contribuir para uma melhor compreensão desse fenômeno linguístico, este estudo oferece evidências quantitativas relativas ao grau de opcionalidade da flexão do infinitivo em PB e investiga seu aparente espalhamento para contextos sintáticos não padrão, atestado na língua falada (e.g. ‘podem fazerem’, ‘têm que repensarem’, ‘vão responderem’) e na língua escrita (e.g. ‘poderiam serem’ ou ‘começam a serem’). Do ponto de vista empírico, o estudo busca identificar, no corpus de língua falada SP2010 e no corpus NILC São-Carlos, as tendências de uso da flexão do infinitivo em contextos opcionais e não padrão para, então, compará-las com aquelas encontradas no corpus LLICPósLetrasUsp (Canever 2012). Para a extração automática dos dados, feita por meio do software R (R 2011; Gries 2009), foi utilizado um script para buscas de concordâncias desenvolvido em Canever (2012). Este estudo está sendo desenvolvido no âmbito da Linguística Cognitiva, mais especificamente à luz de modelos de língua baseados no uso (Langacker 2000, Bybee 2006), de acordo com os quais gramática e uso estão em processo de retroalimentação. Do ponto de vista teórico, este estudo explora a hipótese de que o espalhamento da flexão do infinitivo para contextos não padrão se deve a dois fatores: (i) à alta frequência de ocorrência da flexão do infinitivo em contextos opcionais, (ii) a uma ‘noção de corretismo’ dinamicamente associada (Campbell-Kibler 2009) à concordância verbal em PB. Essa hipótese serve como fio condutor para uma discussão teórico-epistemológica a respeito da concepção da língua humana como um sistema complexo adaptativo (Mufwene 2008, Kretzschmar 2009, Viotti 2013), no qual inovações linguísticas e avaliações sociais que emergem em interações locais podem ser reforçadas, resultando em mudanças no nível global.