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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: A língua desconhecida e a língua das gentes em “A menina sem palavra”, de Mia Couto
Autor(es): Ana Elvira Luciano Gebara. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Estilística, Estilística, expressividade
Resumo

É comum que figuras de linguagem baseadas em princípios analógicos (comparações, símiles e metáforas) sejam mais bem aceitas pelos leitores por acionarem processos cognitivos basais no ato de compreensão e constituição de sentidos a partir da leitura / escuta. Essa aproximação se deve também ao fato de as figuras trazerem tonalidades afetivas ao texto, que modificam a relação leitor/ ouvinte com as proposições elaboradas no espaço textual. Sobre isso, Martins (2008), retomando Bally e Ullman, indica que as figuras de linguagem baseadas na analogia são consideradas de grande expressividade, por essa razão, a busca por intensidade e pelo expressivo na esfera literária tem sido sistematizada pelo uso dessas imagens estabelecendo relações que vão do concreto ao abstrato, do comum ao inusitado. Dessa forma, segundo Martins (2008) e Mattoso Câmara (1978), cada uma dessas figuras apresenta uma relação distinta com o objeto que descreve ou que utiliza para as aproximações analógicas. As comparações mantêm o objeto e o termo comparado em uma relação explícita que desloca sentidos em uma só direção, o da leitura ou escuta. Já os símiles e as metáforas estabelecem direções diversas para a leitura. Isso ocorre pela eliminação do termo de comparação que possibilita leituras em outras direções que vão e retornam do termo de aproximação ao objeto. Essas movimentações espaciais são especialmente importantes quando o objeto dessa cognição é desconhecido e as figuras são a forma de alcançá-los. A busca pela definição dos elementos centrais na narrativa de “A menina sem palavras”, de Mia Couto (2013) é feita dessa maneira: o narrador precisa apresentar ao leitor a situação da menina, sua língua desconhecida, quase não língua, porque, para a trama da história, é esse o elemento central. Assim, nessa comunicação do Simpósio “Sobreposições e (co)incidências: o processo constitutivo da expressividade do estilo”, do grupo de pesquisa Estudos Estilísticos, temos como objetivo central a descrição das figuras, sua posição na trama e na constituição de sentidos, bem como a expressividade de cada uma delas. Para tanto, utilizam-se Martins (2008); Mattoso Câmara (1978); Bacry (1992); Ullman (1987) e Tamine (2011), no que se refere a identificação das figuras, do seu papel e da possibilidade de estabelecimento da expressividade nos textos da esfera literária.