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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Violência e paixão no cenário lírico-poético de Dão-lalalão - o devente
Autor(es): Elisabete Brockelmann de Faria. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave linguagem poética, linguagem poética, imaginário
Resumo

“Dão-lalalão – o devente”, parte da obra Noites do sertão, destaca-se por apresentar um protagonista complexo, ora vinculado à notação realista, como antigo matador, ora reconhecido pelas imagens mentais em que estaciona, com as quais retoma quadros de seu passado violento e das experiências anteriores da esposa, ex-prostituta em Montes Claros. Se a recuperação de tais imagens insere a narrativa em situações de rebaixamento, medo e culpa, o presente evidencia o aporte erótico da relação de Soropita e Doralda, incorporando ao texto a tonalidade elevada. O objetivo deste artigo é examinar como essas duas ordens contrastantes de apelo conformam e incrementam a poeticidade do discurso rosiano. Para a pesquisa, além da leitura atenta e minuciosa do corpus, foi examinada a fortuna crítica do escritor, em especial “O amor na obra de Guimarães Rosa” de Benedito Nunes, “Jagunços mineiros de Cláudio a Guimarães Rosa” de Antonio Candido, “O cão do sertão no arraial do Ão” de Luiz Roncari e Recado do nome: leitura de Guimarães Rosa à luz do nome de seus personagens de Ana Maria Machado. Para o estudo da linguagem poética e do lirismo, de modo geral, cabe destacar as contribuições de Alfredo Bosi em O ser e o tempo da poesia, de Emil Staiger em Conceitos fundamentais da poética, os textos “À busca da essência da linguagem” e “Linguística e poética” de Roman Jakobson e “Em torno da poesia” de Tzvetan Todorov. Para o exame das imagens ascendentes e descendentes, a contribuição teórica principal é a de Gilbert Durand em As estruturas antropológicas do imaginário, seguida da obra O grotesco de Wolfgang Kayser. Os resultados da pesquisa evidenciam o imbricamento entre o modo de construção e atuação das personagens centrais e o discurso poético da narrativa. Acredita-se que a escolha do escritor por determinado tipo de personagem tem relação direta com a expressividade e alcance da linguagem poética, o que não impede a inserção de “Dão-lalalão – devente” em determinado período da história nacional, que surge transfigurada e diluída no discurso poético, sendo este o verdadeiro sustentáculo da narrativa.