62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Sujeitos deslocados à esquerda em gêneros orais e escritos do português brasileiro |
Autor(es): | Mônica Tavares Orsini, Isabela de Campos Mourão. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | deslocamento à esquerda de sujeito, deslocamento à esquerda de sujeito, gramática |
Resumo |
O presente trabalho, fundamentado nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 1994) e sua associação à Teoria de Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1981), objetiva descrever a frequência bem como o comportamento morfossintático e semântico-discursivo das construções de deslocamento à esquerda de sujeito (DEsuj) em textos orais e escritos do Português Brasileiro (PB). Estas construções definem-se por apresentar, na periferia à esquerda da sentença, um sintagma tópico que estabelece correferencialidade com o sujeito da sentença-comentário, como se verifica em (1) [O Brasil]i para exportar, [ele]i tem que comprar. Segundo Marcuschi (2007), a relação entre fala e escrita deve ser entendida como um continuum em que o gênero discursivo define as características que aproximam ou distanciam essas modalidades expressivas. Neste contexto, estudos empíricos sobre o fenômeno em foco (cf. Orsini e Paula, 2011; Orsini, 2012) apontam serem as construções de DEsuj próprias da gramática da fala. Verificam, porém, que tais construções começam a se inserir na gramática da escrita, que reúne traços conservadores da gramática lusitana do final do século XIX (cf. Faraco, 2008) e inovadores, decorrentes das mudanças morfossintáticas em curso no PB. Assim, estas construções parecem estar se implementando paulatinamente na modalidade escrita, normalmente mais conservadora. Este processo de inserção na escrita, contudo, não ocorre de forma homogênea, havendo uma íntima relação entre a frequência das construções de Desuj. e o grau de formalidade dos textos. Para este estudo, portanto, são confrontados corpora orais e escritos diversos: entrevistas com falantes cultos e populares, peças teatrais, redações de vestibular, editoriais e textos acadêmicos. A análise comparativa revela que a presença das construções de deslocamento à esquerda de sujeito se dá, nitidamente, com mais frequência no gênero entrevista, seja na fala culta ou popular, reduzindo-se significativamente nos gêneros textuais escritos, reflexo da influência do processo de letramento conduzido pela escola. Assim, embora não haja no PB restrições morfo-sintático-semânticas impostas pelo sistema para essas construções, este trabalho evidencia que quanto mais formal o texto e, consequentemente, maior a necessidade de adequação à norma padrão, menor será a probabilidade de esta construção ocorrer, em decorrência de ela ser avaliada negativamente pela escola. |