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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: A paisagem, o ontem e o hoje na crônica de Drummond
Autor(es): Regina Célia dos Santos Alves. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Carlos Drummond de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, paisagem
Resumo

Pensar em Carlos Drummond de Andrade é pensar, de início, em poesia. Reconhecidamente um dos maiores poetas brasileiros do século passado, Drummond foi também, como é sabido, um refinado prosador, sendo a escrita do conto, da crônica, da memória, da notícia uma atividade que o autor desenvolveu por toda a vida, paralelamente à escrita de poemas. No gênero crônica, a produção drummondiana é vasta e compõe-se de muitos textos ainda não coligidos em livros que durante anos publicou em jornais com os quais colaborava. Na década de 1930, o autor publica seu primeiro livro de crônicas, Confissões de Minas que, como acena o próprio título, traz para primeiro plano o mundo de Minas Gerais, as paisagens mineiras descortinadas pelo cronista de maneira sensível e poética. Para o presente trabalho, partindo da perspectiva dos estudos da paisagem - esta concebida não apenas como espaço, mas como uma construção simbólica, o aspecto perceptível do espaço e que, portanto, está investido de valores, crenças, utopias, etc -, o objetivo é a abordagem das crônicas “Vila de Utopia” e “Teatro daquele tempo”, nas quais o universo itabirano, tão marcante na literatura de Drummond, é tomado como elemento central. Nas crônicas mencionadas, o escritor mineiro, ao revelar a intensidade da paisagem de Itabira que constrói - mostrada por meio de formas, cores, movimentos e sentimentos -, faz com que o espaço seja a expressão viva de um tempo, tanto presente quanto passado, e também uma espécie de retrato de um eu que vê e significa a paisagem representada. Em “Vila de Utopia”, um retrato magnífico da cidadezinha mineira é desenhado por meio de suas formas, não sendo possível separar quaisquer dos elementos constitutivos da cidade sob pena de se perder sua paisagem. “Teatro daquele tempo” atenta, igualmente, para o mundo de Itabira, de modo um tanto nostálgico, na retomada de um tempo e de um espaço, ou melhor, de uma paisagem mantida apenas na memória do eu que relembra, uma vez que seus traços concretos desaparecem na marcha do tempo e das mudanças.