62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Uma análise comparativa de níveis de incorporação nominal em duas línguas ameríndias e em duas línguas indo-europeias |
Autor(es): | Dirceu Fernandes Lira de Sena. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | incorporação nominal, incorporação nominal, tipologia morfológica |
Resumo |
A incorporação nominal (IN) é um processo morfossintático no qual um nome com função sintática de argumento interno (mais raramente, de argumento externo) modifica um verbo, obtendo-se um verbo complexo, que pode, ou não, ter um argumento a menos. Do ponto de vista tipológico, um verbo complexo típico, formado a partir de IN, constitui uma única palavra, que está sujeita a todos os processos fonológicos internos a uma palavra da língua em questão. Semanticamente, esses verbos complexos costumam designar atividades ou eventos cujos pacientes não são específicos nem contáveis. O nome incorporado perde sua saliência semântica e sintática e passa a ser um modificador do verbo, não podendo ser acompanhado por traços de definitude ou número. Embora o nome incorporado possa manter uma função semântica de paciente, de localização ou de instrumento, ele perde sua independência sintática de argumento interno, não possuindo, portanto, qualquer marca de caso (Mithun, 1984). Os primeiros trabalhos significantes acerca do tema IN foram Noun incorporation in American languages (Alfred Kroeber, 1909) e The problem of noun incorporation in American languages (Edward Sapir, 1911). Contudo, esse fenômeno linguítisco já era conhecido antes: Wilhelm von Humboldt (1767-1835) havia cunhado o termo Einverleibungpara esse fenômeno (Wilhelm von Humboldts gesammelte Werke, Bd. 3, S. 170). No artigo clássico The evolution of noun incorporation (1984), Marianne Mithun mostra que há quatro funções distintas, porém relacionadas, de IN. Além disso, há uma hierarquia: se uma língua conhece um determinado nível de IN, ela consequentemente conhece os níveis mais baixos. A IN não é um processo que ocorre apenas em línguas não-indo-europeias. O alemão, por exemplo, possui vários verbos formados a partir de IN (Peter Suchsland, 1999, Soll man Kopf stehend und freudestrahlend Eis laufen?). O objetivo do painel é mostrar que esse processo até ocorre em línguas indo-europeias, entre as quais o alemão e o inglês, mas a produtividade não se compara à das línguas ameríndias, entre as quais o tupinambá e o caddo. Dentro da terminologia de Mithun, mostrar-se-á que: no inglês, há apenas o nível I, cujos exemplos de verbos complexos são pouco numerosos e usados com muitas restrições; no alemão, há os níveis I e II, entre os quais só o nível I é realmente produtivo e possui muitos exemplos; no tupinambá, há os níveis I e II e ambos são produtivos; no caddo, há os níveis I, II, III e IV e todos são produtivos. |