62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Caracterização das marcas de subjetividade presentes nas formas da língua |
Autor(es): | Igor Caixeta Trindade Guimarães. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024 |
Palavra-chave | Enunciação, Enunciação, classes de palavras |
Resumo |
De acordo com Émile Benveniste, em “Problemas de Linguística Geral”, o homem se constitui como sujeito na linguagem e pela linguagem. Esta é entendida como o instrumento de mediação entre a pessoa subjetiva, a que se apropria da língua num ato discursivo, e a pessoa não subjetiva, aquela com quem se fala. Benveniste considera que o emprego dos pronomes pessoais é o primeiro ponto de apoio para a revelação da subjetividade, que passa então a ser exercida na língua através de suas formas. De maneira mais ou menos evidente, é possível identificar marcas de subjetividade em diferentes partes do enunciado, o que se verifica no comportamento de certos verbos, que o linguista também cita como exemplos, além dos pronomes. Nos enunciados “Eu CONCLUO que vai chover” e “Eu PRESUMO que vai chover”, o segundo verbo denota, diferentemente do primeiro, atitude de incerteza do locutor quanto ao conteúdo do que enuncia em seguida. Michel Bréal, em “Ensaio de Semântica”, destaca a saliência do elemento subjetivo na linguagem, que convive indistintamente com as formas que se prestam a expor os fatos do mundo: “a mistura dos dois elementos é tão íntima, que uma parte importante da gramática dela tira sua origem” (p. 159). Com base na motivação encontrada nos apontamentos de Benveniste e Bréal, o objetivo da pesquisa que ora propomos é descrever, de forma comparativa, marcas de subjetividade presentes no emprego das classes de palavras, não coincidentemente chamadas, pela tradição gramatical, de ‘partes do discurso’. Sejam os enunciados “(1) Eu vou MESMO ao restaurante”, “(2) Maria é magra, MAS é bonita” e “(3) Desconfio de CERTAS pessoas”. Os itens em destaque, respectivamente classificados como advérbio, conjunção adversativa e pronome indefinido, expressam marcas de subjetividade próprias, quais sejam reforçar uma declaração (ir decididamente), introduzir uma ideia implícita (mulheres magras não são bonitas) e indefinir um referente (não identificação da pessoa de quem se desconfia). Nesse sentido, procuraremos investigar, utilizando dados da língua em uso, em que medida as classes de palavras se especializam na delimitação do elemento subjetivo. Os pressupostos teóricos que utilizamos são os da Semântica da Enunciação. |