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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: A experiência de escrita digital do m(EU) corpo em (TRANS)formação: formas de (R)existência frente à normatividade gramatical / jurídica / médica
Autor(es): Angela de Aguiar Araújo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Análise de Discurso, Análise de Discurso, Tran(s)sexualidade
Resumo

Há uma via possível para a leitura / a interpretação dos sentidos e dos sujeitos sem os princípios normativos prescritos pelas categorias, hegemônicas, sustentadas pelos discursos gramatical, jurídico e médico, tal como questionaram Foucault (1988, 1995, 2000) – nas reflexões sobre sexualidade, saber e poder - e Barthes (2003) – no curso “O Neutro” (1978). Neste trabalho, derivamos esses questionamentos visando à descrição, no campo da Análise de Discurso (AD) – pela vertente interpretada como uma área fundada, na França, por Michel Pêcheux, e desdobrada, no Brasil, por Eni Orlandi -, de arquivo constituído por recortes de conteúdos disponibilizados nas redes sociais de relacionamento, em especial o Facebook em sua interface com vlogs e blogs. Com a democratização das novas tecnologias de informação e de comunicação (TICs), observa-se, conforme descrito por Araújo (2013), que o online e o virtual se constituem sustentados pelo efeito imaginário de sobreposição da realidade e, contraditoriamente, de possibilidade de transbordá-la por uma via que a ele escapa. Partindo deste pressuposto, problematiza-se como a transformação dos corpos e da escrita, afetada pela experiência tecnológica, contribui para o questionamento das formas de categorização do sujeito pelos discursos gramatical, jurídico e médico. Como a escrita digital / testemunhal de transformação dos corpos dá visibilidade à (RE)interpretação do princípio de pertencimento ao corpo social, em especial à narrativa de atos civis que confirmaria a condição de ser marcado no registro de nascimento (homem OU mulher / masculino OU feminino) e derivado pelo processo de socialização? Como modos de (R)existência se constituem pela escrita digital por um funcionamento que recusa os mesmos espaços institucionais e discursivos marcados pela lógica de leitura / interpretação dos corpos que associa, sobrepondo, o gênero ao sexo, supostamente como uma essência imutável? Acredita-se que a discursivização da tran(s)sexualidade faz irromper uma posição de autoria que, de acordo com formulação proposta por Orlandi (2007), representa o efeito de unidade, coerência e não contradição na textualização dos sentidos e dos sujeitos. Utiliza-se o referencial teórico e metodológicx da AD em diálogo com a História das Ideias Linguísticas e a Semântica do Acontecimento. Compreendendo a língua em sua relação com a história, buscou-se descrever como a atualidade irrompe pela estratégia discursiva que aproveita espaços discursivos e institucionais marcados pelos funcionamentos do online e do virtual em plataformas via internet. Percebe-se que a visibilidade dada a interpretações não hegemônicas presentes na memória social dá força de locução à diferença.