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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Língua e construção da identidade nacional em estórias de Boaventura Cardoso e Mia Couto
Autor(es): Everton Fernando Micheletti. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Literatura angolana, Literatura angolana, Pós-colonialismo
Resumo

Este trabalho visa a uma análise da língua como elemento formador da identidade nacional, com sua problematização no contexto de países ex-coloniais, no caso Angola e Moçambique, a partir da leitura de estórias dos escritores Boaventura Cardoso e Mia Couto. Uma primeira questão, há muito discutida, é a do uso da língua portuguesa, da língua do colonizador europeu, como oficial, como a língua em que se faz a literatura, uma vez que, tendo havido a luta anticolonial e a conquista da independência, por que as línguas africanas nativas foram preteridas? Uma das respostas mais famosas a esse questionamento é a do escritor angolano Luandino Vieira: “a língua portuguesa é um troféu de guerra”, a apropriação da língua imposta pelo colonizador pode ser, em certa perspectiva, algo positivo, mesmo assim muitos estudiosos não consideram esse problema como totalmente resolvido. Mas, indo além, sabendo que a maior parte da literatura é produzida em língua portuguesa nesses países, outras questões surgem, principalmente quando se pensa no vínculo que costuma ser estabelecido entre literatura e nação: os escritores, ao utilizarem a língua portuguesa, contribuem com a construção da identidade nacional? Haveria, a exemplo do “português brasileiro”, um português angolano ou moçambicano, “visível” na literatura, em especial nas obras dos escritores aqui citados? Há algum tipo especial de tratamento, de estilização, de transformação da língua portuguesa por esses escritores? Quais seriam as dificuldades na “construção” da identidade nacional? Como estabelecer a unidade da nação com uma diversidade de povos que foram reunidos artificialmente no mesmo território durante o colonialismo? Como “construir a nação” numa época em que muitos autores já tratam do declínio da nação, do enfraquecimento do Estado-nação? Para buscar entender melhor essa problemática, apontando algumas possíveis respostas, será realizada uma leitura comparativa de algumas estórias dos autores supracitados, tendo como fundamentação os pressupostos teórico-críticos do “pós-colonialismo”, com destaque a autores como Homi K. Bhabha, Stuart Hall, Eric Hobsbawm, Benedict Anderson, entre outros.