62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | O sintoma clínico em suas dimensões singular e social |
Autor(es): | Paula Chiaretti. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024 |
Palavra-chave | sintoma, sintoma, subjetividade |
Resumo |
Qual a origem dos sintomas? Tratar-se-ia de um arranjo significante de origem social ou puramente singular? De certa maneira, a existência e uso frequente dos diagnósticos em saúde mental atestam uma repetição sintomática em diferentes sujeitos. É sabido, desde Freud, que qualquer sintoma tem uma relação estreita com o contexto mediato e imediato de sua produção e aparecimento. Por conta disso, considerar o sintoma na produção discursiva na seu respeito, partindo daí de conceitos provenientes do dispositivo analítico da Análise do Discurso proposta por Pêcheux, nos permite “olhar pela janela” (como afirma Jacques Alain Miller) quando recebemos um paciente em sofrimento na nossa clínica. Se o ego é o sintoma humano por excelência, a Análise do Discurso nos auxilia a responder de que maneira esse sintoma é constituído tanto pelo inconsciente quanto pela ideologia, em um processo de interpelação do indivíduo (que só pode ser localizado a posteriori do processo de constituição) em sujeito, sabendo que funcionam aí as formações sociais e discursivas nas quais está inserido o sujeito. No entanto, ainda que seja possível traçar um terreno no qual sintomas sociais encontram condições férteis para se manifestarem, é preciso ouvir sua manifestação uma a uma, na singularidade de seu portador, a despeito de suas características e descrições etiológicas de manuais psiquiátricos, uma vez que o próprio do processo analítico é levar o sujeito a um lugar de indeterminação, no qual as significações das quais se arma justamente pela insuficiência do sentido já não aparecem mais. Esse lugar vazio, por sua vez, possibilita ressignificar a noção de “cura”, tão propagandeada pelo discurso medicalizante contemporâneo cujas ofertas de felicidade contaminam muitas vezes as clínicas terapêuticas e fazem com que o sujeitos se apresentem ao trabalho por conta de uma demanda de gozo do Outro. Escutar essa demanda como radicalmente singular é oferecer ao sujeito, qual seja, um lugar de resistência à sua singularidade. |