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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Folhetim: leitura de entretenimento e de doutrinação das massas
Autor(es): Débora Cristina Ferreira Garcia. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024
Palavra-chave Leitura, Leitura, Leitor
Resumo

Discutiremos nesta apresentação alguns elementos recorrentes da escrita de folhetins de modo geral, e particularmente nas narrativas de ficção publicadas nas décadas de 1860 e 1870 nos rodapés do Correio Paulistano, com o intuito de mostrarmos como certas estratégias de escrita utilizadas por escritores e por editores criaram condições de atrair um novo público leitor que se formava na época, assim como se tornaram um importante instrumento de doutrinação das massas, de controle de comportamentos de acordo com padrões morais de parte da sociedade. A França, país de origem das publicações folhetinescas, com o crescente processo de alfabetização da população inseriu um novo número pessoas no mundo das letras, atraído pelas histórias de ficção editadas nos rodapés dos jornais. Em terras brasileiras, mesmo diante do alto número de analfabetos no mesmo período, o folhetim repercutiu positivamente, pois a forma como esse tipo de texto se apresentava ao público leitor e não-leitor (suas singularidades editoriais e de circulação) permitiu seu amplo acesso não apenas por meio da prática de leitura silenciosa e solitária como também por meio da leitura em voz alta para um número maior de pessoas, conforme descreveram muitos autores da época. Verificamos, ao longo de nossa análise dos folhetins que circularam no jornal Correio Paulistanos e com base nas constatações de trabalhos de importantes pesquisadores do folhetim no Brasil, que esses textos não possuíam apenas a função de entretenimento, com suas histórias de amor impossíveis, regadas a vinganças, duelos entre personagens a que originalmente haviam sido criados. Outra missão que se apresentou discursivamente nesses textos de rodapé diz respeito à educação e à instrução dessa nova massa de leitores/ ouvintes, seja por meio da introdução de fatos históricos em meio às narrativas fictícias, seja pela valorização de determinados ideais que se sobressaem na forma de configuração das personagens.