62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Investigações semânticas sobre mudança do aspecto verbal em interrogativas focalizadas |
Autor(es): | Marcelo Giovannetti Ferreira Luz. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Aspectualidade, Aspectualidade, Semântica das perguntas |
Resumo |
Uma sentença ou oração é uma unidade sintática estruturada por um verbo que seleciona seus argumentos – sujeito e complementos. Ela é composta por uma estrutura tripartite, constituída por um especificador, em sua margem esquerda, representado por um sintagma nominal que funciona como sujeito; em seu núcleo, um verbo que funciona como predicador ou apresentador de argumento sentencial único; na margem direita, o complementador. O seu estudo compreende habitualmente os seguintes momentos: primeiro, a descrição da estrutura sintagmática, com a identificação dos sintagmas que compõem a sentença; depois, o estudo da estrutura funcional, ou seja, a identificação das funções assumidas pelos sintagmas, a saber, sujeito, complementos e adjuntos. Entretanto, podemos observar, em diversas situações sociais comunicativas, o uso de expressões como: a) Que isso?!, b) Ganhar dinheiro fácil, quem não quer?, c)Amar e não ser amado. Quem nunca/não?, d) Tô orando por você que passa horas arrumando a franja antes de tirar foto. Quem não...???. Tomando como referencial teórico a Semântica Formal e a Sintaxe Gerativa, procuraremos compreender de que modo se constitui o processo de interpretação do aspecto verbal dessas sentenças no PB, decorrentes da focalização do complemento da partícula Qu-, selecionando seu complemento, que aparece focalizado e no infinitivo. Considerando a sentença em c), a proposição expressa por ele tem valor de verdade verdadeiro se houver, ao menos, um elemento pertencente ao conjunto dos que “amam e não são amados”; já o caso d) nos apresenta uma particularidade em relação ao escopo da partícula Qu-: tal partícula pode ter uma ambiguidade de escopo, o que nos leva a questionar qual conjunto de elementos essa interrogativa toma como escopo. Temos que concluir, forçosamente, que b) e c) são interrogativas distintas de d), devido a essa ser composta por uma sentença encaixada. A ideia é que a proposição expressa por d) seja ambígua, e as expressas por b) e c) não o sejam. Diante desse tipo de contraste, não seria injusto dizer que um dos principais problemas que cercam as interrogativas do tipo apresentado é descobrir uma maneira de caracterizá-las levando em conta o critério de “escopo semântico” e movimento de constituinte, de modo que uma das questões que nos colocamos é: o que determina a interpretação do aspecto verbal nessas interrogativas que sofreram uma espécie de focalização? Nossa hipótese é de que tal interpretação está atrelada à presença do advérbio junto à partícula Qu-. |