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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Lições edificantes e cor local – a crítica de romances na imprensa brasileira oitocentista
Autor(es): Hebe Cristina da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Romantismo brasileiro, Romantismo brasileiro, Crítica literária
Resumo

Em meados do século XIX, o romance moderno já era um gênero conhecido e apreciado pelo público brasileiro, que lia, com regularidade, versões originais, traduzidas e adaptadas de narrativas de autores estrangeiros. Esse certamente foi um dos motivos que impulsionou os escritores nacionais a darem início à publicação de prosa ficcional. Para nortear suas produções, os escritores que colaboraram para a formação do romance brasileiro contaram não só com as publicações estrangeiras que, de certa forma, serviram como modelo, mas também com as reflexões críticas sobre o gênero divulgadas na época. O diálogo existente entre as considerações dos críticos e a prática dos prosadores permite afirmar que a análise da crítica de romances publicada na imprensa brasileira oitocentista fornece elementos cruciais para o estudo da formação do romance moderno brasileiro. Afinal, nas narrativas produzidas pelos primeiros romancistas nacionais, destaca-se a proliferação de passagens que exploraram a moralidade e o nacionalismo, elementos que também eram centrais nas apreciações críticas produzidas por homens de letras que analisaram as narrativas estrangeiras e nacionais que circulavam no país. Explorada através de lições edificantes proferidas tanto por narradores quanto por personagens e de episódios exemplificativos das punições a que estavam sujeitos os indivíduos que tivessem má conduta contrapostas às premiações reservadas aos virtuosos, a presença da moral era deveras valorizada nas críticas de romance divulgadas na época. Esse critério foi forjado paralelamente à ascensão do gênero em terras europeias e, juntamente com as narrativas, os brasileiros importaram também a convicção de que o romance moderno deveria seguir o preceito horaciano de instruir e deleitar os leitores. Em consonância com o projeto literário romântico e com as necessidades expressivas dos escritores brasileiros num momento em que estavam imbuídos da missão de colaborar para a formação de uma identidade nacional, a presença do nacionalismo nas narrativas também era requisitada e valorizada pelos críticos. Para corresponder a essa expectativa, os escritores incluíram, em suas obras em prosa, elementos recorrentes como a abordagem de personalidades e passagens marcantes da história pátria, a exploração da paisagem local, dando destaque à natureza exuberante do país, e a inclusão de passagens através das quais se caracterizavam os costumes e peculiaridades nacionais.