62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | A naturalização da ênclise pelos grupos escolares paulistas |
Autor(es): | Fernanda Alvarenga Teles. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | História Social, História Social, Colocação pronominal |
Resumo |
Esta comunicação investiga a formação do português paulista culto no que se refere à colocação pronominal em contexto de orações infinitivas preposicionadas. A pesquisa foca o final do século XIX, um período de reformulações de normas gramaticais do português (TARALLO, 1993), no qual um processo de mudança na posição do clítico em infinitivas preposicionadas se instaura na variedade brasileira culta, a qual se distancia tanto do padrão lusitano, como do uso vernacular da época. O intervalo histórico em questão, juntamente com suas respectivas modificações linguísticas, é abordado por diversos trabalhos de sintaxe diacrônica, alguns dos quais são pontos de partida para nossa investigação. (PAGOTTO, 2011; OLIVEIRA, 2011; SILVA, 2012) Esse contexto da Primeira República brasileira pressupõe um jogo de forças sócio-políticas operantes no processo civilizatório do país que se apoia na expansão das instituições de ensino como importante vetor na modernização nacional almejada. Na esfera educacional, identificamos a busca pela construção de um sistema de ensino unificado nacionalmente que encontra nas escolas ferramentas para dar maior visibilidade às iniciativas governamentais. (MARCÍLIO, 2005). Além da repaginação da Escola Normal e instauração da Escola-Modelo anexa, os republicanos lançam os Grupos Escolares como sua legítima criação, a qual serve de meio propagandístico para o modelo do governo instaurado. Pela sua hegemonia política e econômica, São Paulo inicia o processo de provisão do ensino público, fato que justifica a importância do corpus: ofícios e relatório produzidos em 1902 e 1906 por diretores e inspetores de Grupos Escolares paulistas. Tais textos pressupõem o uso do português culto e nos dá margem para investigar se existia um único padrão linguístico quanto à colocação pronominal em orações infinitivas preposicionadas ou se havia variação. Se houver, tentaremos descrever e caracterizar os diferentes modelos, observando se eles corroboram com os usos dos intelectuais republicanos no poder, com o modelo português ou com o vernáculo. Devido à escassez dos dados levantados, optamos por uma análise qualitativa, considerando os condicionamentos linguísticos e extralinguísticos que influenciam a colocação pronominal. Após uma análise linguística preliminar, abordaremos as ocorrências pelo paradigma indiciário proposto por Ginzburg (1989), cujo método analisa detalhes considerados insignificantes, mas capazes de ceder uma satisfatória interpretação qualitativa. Assim, ampliaremos nossa análise a fim de poder visualizar a influência republicana no plano linguístico. Como os Grupos Escolares foram difundidos como símbolo da Primeira República, buscaremos correlacionar, a essa expansão, a difusão da norma linguística utilizada pelos republicanos paulistas como marcador social. |