62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Falar de si na rede: um espaço para quem (não) sou |
Autor(es): | Carolina P. Fedatto. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024 |
Palavra-chave | escrita de si, escrita de si, negação |
Resumo |
Respondendo ao convite para refletir sobre a constituição e a circulação do sujeito e dos sentidos na rede, esta comunicação se propõe a analisar as descrições e denominações de si nos perfis do Twitter. Como parte de uma pesquisa mais ampla sobre as funções linguísticas, discursivas e psicanalíticas da negação nos processos de identificação do sujeito e de construção da sociabilidade, trabalharemos com um corpus composto por perfis do Twitter que se formulam a partir das diversas formas que a negação assume linguisticamente. No imaginário do falar de si, está pressuposto o funcionamento da afirmação. Mas a autodescrição pela negativa merece uma investigação mais atenta. Não são poucos os usuários que se definem pelo que não são. E formulam esse ‘não’ por meio de diversos marcadores como nem, nunca, jamais, sem, nada, ninguém, nenhum. Exprimem negação também por prefixos como i-, in-, a-, an-, dis-, des-, por itens lexicais negativos, relações de antonímia, antítese e oposição. Todo esse universo de formas linguísticas da negação será investigado tendo em vista a compreensão do imaginário de si e para si que se produz nas autodescrições/definições/denominações no espaço virtual. Consideramos, para tanto, o espaço virtual como uma rede estruturada por uma relação particular com a memória e com a temporalidade. A memória da rede é a memória metálica, da máquina que sempre acumula e está em permanente atualidade. Em decorrência disso, a escrita de si na rede assume uma forma narrativa sem tempo, sem história, sempre reprodutível tecnicamente. A partir daí, podemos nos perguntar como o sujeito se inscreve e é inscrito nessa rede de pura atualidade e quais são os efeitos da máquina em sua constituição. Ilusão de poder, permanência, verdade e ubiquidade são algumas das formas de virtualizar-se, de se ver e ser visto pela tela. Formas que não são sem consequência para a vida social fora dela. |