Programação do 62º seminário do GEL

A hipermodernidade tem revolucionado não só o acesso a informações, como também alterado nosso comportamento e nossa forma de interagir, pensar, ver o mundo, ler e escrever. A presença ubíqua das tecnologias digitais de informação e comunicação – TDICs – coloca-nos diante do mundo e das diversas culturas e acontecimentos em apenas um clique ou um toque e em tempo real. Diante dessa complexidade, enfrentamos desafios impensáveis e mergulhamos em um contexto científico em transição no qual conceitos estáveis têm sido abalados pelos hibridismos que perpassam as novas modalidades de textos/enunciados e de linguagens. É nesse contexto que surge o conceito de multiletramentos, proposto pelo Grupo de Nova Londres (1996) e divulgado por Rojo (2012), que compreende o duplo “multi”: a) multiplicidade, diversidade e pluralidade cultural das populações; e b) multiplicidade de linguagens, modos, mídias e semioses que constituem os textos/enunciados produzidos por essas populações (multiculturais). Junta-se a isso o nosso questionamento acerca da pertinência das concepções Bakthinianas na contemporaneidade. Nessa perspectiva, buscamos o diálogo entre os conceitos de gênero discursivo e de arquitetônica do Círculo de Bakhtin articulados às práticas multiletradas para discutir os enunciados atualmente em circulação digital. Constatamos que o conceito de gênero de discurso nem sempre é suficiente por si mesmo para a análise desses textos/enunciados contemporâneos viabilizados pelas TDICs. Se podemos classificar um vídeoclipe, um post, um twitt, um email, uma reportagem multimídia como gêneros discursivos próprios do universo digital, outra coisa bem diferente se passa com um site, um portal, um blog, uma rede social ou de mídia. Daí, recorremos à concepção de arquitetônica como ponto de articulação entre a totalidade interna de um objeto e as avaliações axiológicas (valores éticos, estéticos, morais) que constroem esse objeto situado histórica, social e ideologicamente, atribuindo-lhe sentido. Esses conceitos abrangentes e abertos permitem diversos caminhos para produção ou análise/interpretação de textos/enunciados multissemióticos e multiculturais, característicos dos multiletramentos. Para ilustrar a potência dessas concepções, dentre as inúmeras possibilidades de expressão das práticas multiletradas, optamos pela rede social Facebook. Os aspectos focalizados do Facebook evidenciam a arquitetônica e os gêneros discursivos do universo digital e permitem compreender o funcionamento desses conceitos em textos/enunciados multissemióticos e multiculturais que circulam nas TDICs. Com isso, demonstramos a pertinência e a viabilidade da articulação entre a arquitetônica, os gêneros discursivos e os textos/enunciados contemporâneos. (Apoio: CNPq Proc. nº 302912/2013-4)