62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Memória, esquecimento, ressentimento: a nomeação nos sistemas políticos |
Autor(es): | MARCOS AURÉLIO BARBAI, MARCOS AURÉLIO BARBAI. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Memória, Memória, Ressentimento |
Resumo |
As recentes manifestações populares que estão ocorrendo no Brasil são um interessante lugar de memória para pensarmos a atualidade e a existência de um corpo social, a saber, a população, que se reúne espontaneamente como multidão para protestar. Desse modo, o nosso interesse é pensar os processos discursivos que nomeiam e referem uma determinada população, produzindo assim sentido e significação das suas práticas no corpo da cidade. Essa análise leva em consideração o trabalho da memória discursiva, já que ela constitui um acontecimento a ler, impondo assim a condição do legível sobre o próprio legível. Interessa-nos o jogo entre memória, esquecimento e sentimentos de existência. De fato, como diz Régine Robin (2003, p. 36), em se tratando dos “ritmos da memória”, o presente não é um tempo homogêneo, mas uma articulação estridente de temporalidades diferentes, heterogêneas e polirítmicas. Assim, nosso presente é um tempo da expressão dos sentimentos, o que produz a problemática das relações entre os sentimentos e o político. Ao ocupar a rua, produzindo o desconforto dos segmentos políticos e democraticamente constituídos, o que diz e como é nomeada essa multidão? O que significam e referem nomes como, por exemplo, manifestantes, vândalos, dirigidos a esse corpo, sem rumo, que não se administra? Seriam estes nomes históricos e, portanto, memoriais ou apenas etiquetas da mídia? Considerando que o esquecimento não pode ser vazio, já que ele impõe imediatamente algo ou outra coisa para ali habitar, o que de esquecido entra, portanto, em cena nas manifestações e produzem um interessante jogo de rememoração, revisão e intensificação da nação? Em outras palavras o que é preciso demolir, anistiar, apagar e substituir para constituir democraticamente um país? O regime democrático, na formação social capitalista, favorece a produção de ressentimentos? Essas são algumas questões que nos propomos a refletir, a partir de fragmento de múltiplos arquivos. |