62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Contribuições da metodologia quantitativa nas análises qualitativas do enunciados de sujeitos parkinsonianos e sem lesão neurológica: um estudo comparativo |
Autor(es): | Maira Camillo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Metodologia, Metodologia, Doença de Parkinson |
Resumo |
A proposta deste estudo foi avaliar qual a contribuição da aplicação da metodologia quantitativa na análise qualitativa discursiva de enunciados de sujeitos parkinsonianos e sem lesão neurológica nos momentos de ruptura da amarração dos significantes. Essas rupturas são indiciadas pelas hesitações e marcam um enlace conflituoso na concatenação e seleção dos significantes nos eixos do plano discursivo. Os objetivos que nortearam essa investigação foram: avaliar de que modo o teste não-paramétrico poderia contribuir na análise discursiva dos dados; investigar as relações possíveis entre os dados estatísticos, intra e entre-grupos, com a atividade de linguagem de ambos os grupos nos funcionamentos hesitativos e; em caso positivo do uso deste teste, propor novas tendências terapêuticas. Analisamos transcrições de sessões de conversação dos dois grupos com sexo, faixa etária, atividade profissional, escolaridade e procedência geográfica equivalentes. No material, identificamos as marcas hesitativas, concebidas como fenômenos discursivos e, contabilizamos os tipos de funcionamentos hesitativos de controle e não controle da deriva nas instâncias de ruptura dos significantes. Realizamos o cálculo do desvio padrão dos sujeitos em cada tipo de funcionamento. Selecionadas essas ocorrências, constatamos que a deriva, constitutiva do discurso, pode ou não ser controlada pelo sujeito e , no caso de não ser controlada, a dispersão se materializa no discurso. Como resultados, observamos que, mesmo com condições de saúde distintas, os dois grupos de sujeitos mais controlaram do que não controlaram a deriva. No entanto, as diferenças não ocorreram entre os percentuais gerais de cada grupo, mas sim entre os desvios padrão de cada sujeito tanto intra como entre-grupos. Essas variações intra-grupos sinalizaram que, os sujeitos com mesmo diagnóstico neurológico mostraram-se distintivamente em um mesmo funcionamento hesitativo tanto na presença como na ausência do controle da deriva. Assim, o teste não-paramétrico pareceu de grande contribuição para os estudos da linguagem, já que a partir dos seus resultados pudemos voltar com maior precisão para a análise discursiva dos enunciados de cada um dos grupos e identificar os traços singulares da “lei do espaço social, da memória histórica”, por meio das “redes de memória e dos trajetos sociais nos quais ele (o outro) irrompe”. (PÊCHEUX, 1990, p.56). Além disso, essa metodologia confirmou que os fatores sócio-históricos influem fortemente na atividade de linguagem dos sujeitos e, portanto, caracterizações generalizadas da fala de parkinsonianos puderam ser questionadas e reavaliadas para uma nova conduta terapêutica reabilitadora da fala desses sujeitos.
(Apoio: CNPq - Processo 141415/2013-4)
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