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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: O tratamento do metatermo letra em gramáticas portuguesas do século XIX: análise das continuidades e descontinuidades com relação ao século XVI
Autor(es): Julia de Crudis Rodrigues. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Gramáticas portuguesas, Gramáticas portuguesas, Letra
Resumo

O estudo da tradição gramatical do português nos faz observar que, tal como descreve Auroux (1992), esse tipo de obra conta com um conteúdo que se manteve relativamente estável ao longo do tempo. De um modo geral, as gramáticas apresentam reflexões sobre ortografia, fonética, partes do discurso, morfologia, sintaxe e figuras de construção. Contudo, embora essa estabilidade exista, é possível notar mudanças que ocorreram no modo de descrição das línguas do mundo. Temos buscado, em nossa pesquisa de mestrado, realizar análises de metatermos gramaticais utilizados para descrever a fonética, a fonologia e a ortografia portuguesas em gramáticas lusitanas do século XIX, a saber: Couto e Melo, 1818; Soares Barbosa, 1822; Constancio, 1831; Caldas Aulete, 1864; Adolpho Coelho, 1891. Esperamos, com isso, chegar a uma rede terminológica usual no período que nos permita compreender melhor as concepções desse aspecto da língua que reinavam naquele momento e, além disso, contrapor essa rede terminológica com as concepções apresentadas pelos gramáticos portugueses quinhentistas Fernão de Oliveira (1536) e João de Barros (1540), que estudamos em pesquisa anterior. A escolha desses dois momentos se deu pelo fato de serem marcos da tradição gramatical portuguesa: o século XVI, por ser o momento inicial dessa tradição, e que por isso procurou descrever, com vistas ao estabelecimento de uma ortografia, minuciosamente os sons do português, e o XIX por ser o século marcado pela tentativa de se instaurar o estudo da língua como uma ciência, o que levou os gramáticos a retomar uma preocupação com aspectos fonéticos e fonológicos da língua. A rede terminológica que propomos reconstruir, de acordo com Swiggers 2010, deve ser traçada a partir da análise focal (o metatermo em si) e da análise contrastiva (a relação de um metatermo com os outros dentro de uma obra) dos metatermos dessas gramáticas. Para esta comunicação, selecionamos o estudo do metatermo letra, feito com base nos princípios gerais propostos em Swiggers 2010 para as análises focal e constrastiva. Para nos aproximarmos da(s) ideia(s) que esses gramáticos tinham sobre o que seria letra, segundo essa metodologia, é preciso levar em conta os valores de uma série de outros metatermos que são utilizados nessas seções das gramáticas, tais como, vogal, consoante, voz, som. Apresentaremos, desse modo, o que era considerado letra em gramáticas portuguesas do século XIX e algumas mudanças que ocorreram entre esse século e o XVI com relação a esse metatermo.