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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Redação do Enem: retorno à dissertação do vestibular
Autor(es): ROSÂNGELA RODRIGUES BORGES. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave letramentos, letramentos, escrita
Resumo

A redação constitui-se uma parte do Enem, cujo peso corresponde a 50 % da nota e difere da avaliação das questões objetivas. Nestas se observa o grau de proficiência do examinando numa escala de competências. Naquela um quantitativo numérico é indicado pela banca corretora a partir de cinco competências. Diferentes gêneros do discurso compõem o exame. Contrariando os documentos oficiais, supomos que a redação volta-se para o subgênero “redação escolar”. Assim, questionamos: i) se o discurso oficial preconiza a noção de gêneros, na perspectiva bakhtiniana, e se tipos textuais diferem da noção de gêneros, as instruções dadas ao examinando na redação, bem como sua avaliação, contrariam essa perspectiva? ii) a redação, ao contrário das questões objetivas, volta-se prioritariamente para a noção de tipos, no caso o dissertativo e o argumentativo? Interessa-nos, pois, investigar se e de que forma esse paradoxo se configura nesse exame. Para tanto, analisamos as provas de redação do Enem (1997 a 2012), questões objetivas do Enem-2012 e o documento “A redação do Enem 2012 - Guia do Participante” (INEP, 2012). Os resultados apontam que, numa direção, o exame filia-se à noção de gênero como objeto de ensino, diretriz perceptível nas provas objetivas. Em direção oposta, avalia-se a redação tomando-a como tipo textual. Apesar de a avaliação basear-se nas cinco competências, a produção do escrevente será conduzida por sequências discursivas, desvinculadas de uma situação comunicativa, e não pela ideia de produção de um gênero do discurso numa esfera comunicativa que não a escolar. O exame avalia também a competência leitora do escrevente que deve demonstrar, em até 30 linhas, que leituras faz, em especial, dos conhecimentos escolares. Se exames em larga escala podem ter um efeito retroativo no currículo das escolas (SCARAMUCCI, 2004), o retorno ao modelo clássico parece sugerir caminhos diversos ao professor da educação básica na medida em que a concepção de gêneros do discurso e de práticas de letramentos não é priorizada na elaboração e avaliação da proposta de redação do Enem.