62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
---|---|
Título: | Negociação de sentidos e processos alternativos de significação de um sujeito com jargonafasia |
Autor(es): | ELENIR FEDOSSE. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024 |
Palavra-chave | Produção de Sentido, Produção de Sentido, Jargonafasia |
Resumo |
Introdução e objetivos do trabalho: Este trabalho discute, sob a perspectiva da Neurolinguística Discursiva (ND), os processos de negociação de sentidos estabelecidos entre um sujeito jargonafásico (WG), e outros sujeitos afásicos e não-afásicos, com especial atenção aos “recursos alternativos de significação” desenvolvidos por ele, tanto nas situações de interação individualizada como em grupo. Tal formulação linguística, um dos princípios teórico-metodológicos da ND, desenvolveu-se a partir do postulado vygotskyano referente à participação, direta ou indireta, da linguagem em todos os processos cognitivos (COUDRY e MORATO, 1988). Em outras palavras, por ser a linguagem uma atividade constitutiva - dela própria, do sujeito e das interações sociais (FRANCHI, 1977) - um signo verbal pode ser transmutado em outro – ou seja, há a possibilidade de tradução intersemiótica ou transmutação (JAKOBSON, 1959-1969/1999). Metodologia: Foram extraídos enunciados de sessões fonoaudiológicas e dos encontros do Grupo Interdisciplinar de Convivência de Sujeitos com Lesão Encefálica (GIC) produzidos por WG, senhor de 67 anos, acompanhado há um ano, apesar de ter sofrido um Acidente Vascular Cerebral isquêmico (AVCi) à esquerda, em 2009. Os dados foram analisados segundo os referenciais teórico-metodológicos da ND. Resultados e Análises: No início do acompanhamento fonoaudiológico e participação no GIC, WG apresentava muita dificuldade de interpretação e de expressão verbal: frente ao seu interlocutor se portava como se o entendesse; no entanto, era possível compreender que ele “fazia de conta que entendia”. Sua fala era restrita e caracterizava-se como jargonafásica; usava poucos gestos ou outro processo alternativo como, por exemplo, desenho, para se expressar. A partir de interações repletas de negociação (não aceitação do não entendimento de WG, solicitação de esclarecimentos sobre o dito, por sua terapeuta, e no GIC, entre outras), a compreensão de WG foi melhorando, assim como foi aumentando sua produção verbal (ainda jargonafásica), mas acompanhada de expressões formulaicas e de palavras pertinentes ao contexto enunciativo. Apareceu o desenho e/ou tentativas de escrita para assegurar o seu intuito discursivo (BAKHTIN, 1929-1930/1997). Conclusão: Pode-se dizer que sujeitos jargonafásicos, instigados à produção verbal (oral e escrita) e não verbal (produção gestual, apontamentos, desenho, entre outros) – tal como sujeitos não afásicos – realizam trabalho linguístico-cognitivo, possível de ser apreendido em contexto dialógico, sendo necessário intenso processo de negociação de sentidos, o que não significa, entretanto, que esses processos sejam exatos e/ou regulares. |