62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Jargonafasia: variações nos processos de produção e de compreensão |
Autor(es): | Lou-Ann Kleppa. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | jargonafasia, jargonafasia, compreensão |
Resumo |
Introdução e objetivos: Esta pesquisa respalda-se na perspectiva enunciativo-discursiva da linguagem nas patologias, cuja metodologia privilegia estudos longitudinais e dados que emergem em episódios dialógicos. A jargonafasia caracteriza-se como uma afasia fluente, decorrente de episódios neurológicos posteriores, pela produção recorrente de parafasias e dificuldades de compreensão por parte do afásico. Neste estudo, analisamos a complexa relação entre compreensão e produção, considerando-se dados de dois sujeitos afásicos - WG e VS - com fala jargonafásica, relacionando-os à sua posição discursiva. Aspectos metodológicos: Em sessão coletiva de 2013 do Grupo Interdisciplinar de Convivência (GIC/UFSM), o grupo recebeu a visita de VS (67), vítima de quatro AVCs há quatro anos, acompanhado da esposa. VS, que não apresenta hemiparesia, usa bastante o corpo para significar (levanta, aproxima-se do interlocutor, fala alto e faz gestos faciais). WG (67), vítima de AVC há cinco anos, igualmente não apresenta hemiparesia (inclusive dirige seu carro), participa das sessões semanais do GIC há pelo menos um ano e também vai ao grupo acompanhado da esposa. Seus gestos e desenhos são bastante precisos e comunicativos, dando aos interlocutores a impressão de que tem boa compreensão. Por ter sido aquela a primeira participação de VS no grupo, foi proposta uma dinâmica em que os participantes lhe faziam perguntas. A dificuldade de compreensão por parte de VS da dinâmica das atividades, do teor das perguntas e do propósito do encontro foi se agravando no decorrer da sessão e, apesar da situação dialógica de fala espontânea, VS foi colocado pelo grupo numa posição discursiva assimétrica (comparável à de um sujeito em bateria de testes metalinguísticos). No âmbito da pesquisa, contrastamos (i) os quadros jargonafásicos de WG e VS, (ii) a compreensão aparentemente boa de WG com sua produção de não-palavras, entrecortada por expressões formulaicas, (iii) a compreensão opaca de VS com sua produção parcialmente compreensível e (iv) as posições discursivas em que os dois sujeitos se encontram. Resultados: Dentre outras questões relevantes que a pesquisa tem apontado, destacamos que enquanto WG produz o que chamamos de “fala espontânea”, VS reage, em seu turno, como se estivesse sendo interpelado em uma situação de teste. Os enunciados revelam que a complexidade do quadro jargonafásico não se restringe aos limites do tipo de afasia, mas é também fortemente influenciada pelo contexto discursivo e pelas posições que os sujeitos ocupam nesse contexto. |