62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Lexicalização e referenciação: abordagens discursivas |
Autor(es): | Vanda Maria Cardozo de Menezes. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | Lexicalização, Lexicalização, Texto e discurso |
Resumo |
Neste trabalho, com base em abordagens discursivas da operação elementar de significação linguística – a referenciação –, serão rediscutidos os conceitos de estabilidade e instabilidade, tomando-se como objeto de análise um corpus formado por expressões lexicais consideradas recorrentes no uso da língua. A análise dessas expressões, extraídas de textos jornalísticos do gênero noticiário informal, comumente apresentados em colunas sociais, de futebol ou de acontecimentos da vida política, propiciam comprovar o fenômeno de lexicalização em curso e, ainda, entender que estabilidade e instabilidade referenciais são circunstâncias inerentes a esse fenômeno. Para Charaudeau (2010, p. 36), o ato de linguagem resulta da tensão entre duas forças: a da simbolização referencial, que promove a estabilidade, e a da significação, que propicia a instabilidade. Para Mondada & Dubois (2003, p. 17), as abordagens sociocognitivas, ao retomarem a questão da referência, necessariamente foram levadas a considerar a instabilidade e, também, os processos de estabilização, como igualmente constitutivos nas atividades do dizer. Tratando-se das expressões lexicais recorrentes, poder-se-ia indagar se, nesse caso, não haveria suspensão da instabilidade de referência e também de certa independência do contexto discursivo, uma vez que essas expressões significam em bloco. A análise das expressões lexicais recorrentes no uso da língua, considerando os contextos e o gênero textual, permite observar que toda lexicalização representa certa estabilização, no sentido de que é constituída por um pacto entre falantes historicamente situados, mas esse status não desautoriza a observação de que a evolução das significações das palavras para estereótipos não se baseia “em propriedades realistas ou de valores de verdade, mas na codificação social dos modos de falar e de representar o mundo" (MONDADA & DUBOIS, 2003). Expressões lexicais mais ou menos estabilizadas devem, assim, ser compreendidas dentre as diversas estratégias cognitivas e discursivas de que se valem os falantes para dizer algo que se configura como objeto de discurso e de negociação, uma vez que apresentam maior garantia de eficiência discursiva na relação contratual entre um EU enunciador e um TU interpretante (CHARAUDEAU, 2010). |