62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
---|---|
Título: | Uma “grande divisa” em debate: a argumentação no discurso de professores sobre a docência nos Ensinos Infantil e Fundamental |
Autor(es): | Juliana Aparecida Possidônio. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024 |
Palavra-chave | Discurso, Discurso, Ensino |
Resumo |
O curso de graduação em Pedagogia concebe aos seus licenciados, além da habilitação para a gestão escolar, a capacitação para o magistério tanto da Educação Infantil quanto dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Tal característica, isto é, a existência (e exigência, no caso das escolas) de uma formação comum para o trabalho com etapas diferentes, entretanto, subsequentes da educação básica, indica uma integração e uma complementariedade entre os trabalhos pedagógicos desenvolvidos nessas etapas de ensino. Essa formação comum de que falamos leva-nos a pensar que a docência de crianças pequenas, no espaço da educação infantil, e o trabalho com os alunos do ensino fundamental deveriam “movimentar” sentidos semelhantes no contexto da escola e, em especial, no discurso de sujeitos-professores. Contudo, nossa experiência de trabalho no contexto escolar tem evidenciado que sentidos distintos são enunciados sobre tais etapas de ensino e, mais que isso, que sentidos de desqualificação do trabalho pedagógico desenvolvido na educação infantil são criados, apropriados e reiterados por inúmeros sujeitos relacionados à escola, especialmente pelos próprios sujeitos-professores. Deparamo-nos, no contexto da escola, com um discurso que distingue os professores de creche, pré-escola e ensino fundamental, inabilitando aqueles que ainda não têm a alfabetização como objetivo pedagógico a ser alcançado. O contato com tais sentidos e, ao mesmo tempo, a nossa identificação com os referenciais teóricos da Análise de Discurso francesa e com a teoria do letramento de Tfouni, nos mobiliza em torno dos sentidos produzidos sobre a docência no interior da escola e nos instiga à compreensão da relação entre tais sentidos e as concepções de linguagem, alfabetização e letramento dos sujeitos-professores. Isso porque, pelo que nossas experiências de ensino demonstram, há uma legitimação discursiva de que é um contexto escolar marcado ou não pela “prática da alfabetização” que vai caracterizar um ambiente escolar como “pedagógico”, e mais ainda, que vai identificar o sujeito responsável por determinada etapa de ensino como “professor”. É na busca por entender porque, apesar de concepções mais amplas de trabalho com linguagem comporem os documentos legais de referência às diversas etapas de ensino de nosso país, sentidos de complementariedade entre as práticas desenvolvidas na educação infantil e no ensino fundamental ainda não constituem o discurso de pedagogos, que esta pesquisa surge e tenta responder por que é que existe essa “grande divisa” (STREET, 1989) entre tais etapas de ensino. |