62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Estudo da pausa e da incidência de neologismos na jargonafasia: um estudo de caso |
Autor(es): | Francisco de Oliveira Meneses. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Jargonafasia, Jargonafasia, Pausa |
Resumo |
Introdução e objetivos: A jargonafasia caracteriza-se pela produção sucessiva de parafasias nos enunciados de sujeitos afásicos considerados fluentes. Ainda que muitas vezes se utilize indistintamente o termo "neologismo" para fazer referência a qualquer fala ininteligível presente na jargonofasia, ele se refere às unidades irreconhecíveis ou "não-palavras", que também podem estar presentes no quadro jargonafásico. Alguns estudos, como o de Butterworth (1979), estabelecem uma correlação entre a produção dos neologismos e a ocorrência de pausas. Segundo este autor, neologismos são mais frequentes quando precedidos por pausas (mais) longas, e isso ocorre porque essas pausas refletem a busca por itens lexicais relativamente inacessíveis. Este trabalho visa analisar a relação entre a produção de pausas e a ocorrência de palavras e não-palavras, nos enunciados de um sujeito jargonafásico, buscando ainda avaliar se há diferenças significativas que possam indicar efeitos decorrentes do trabalho de acompanhamento terapêutico. Método: Foram selecionados dados de gravações de três momentos do acompanhamento longitudinal do sujeito AL, de 66 anos, que se tornou afásico em decorrência de lesão bilateral posterior e que participa do CCA (Centro de Convivência de Afásicos)/IEL/UNICAMP. Cada gravação foi dividida em partes de até 1min, totalizando 10 a 15 cortes para cada etapa. As medidas das pausas foram divididas em pausa silenciosa e pausa preenchida. Além das pausas, foi analisada a taxa de ocorrência de palavras com relação à produção de não-palavras. Foram utilizados os softwares Praat e Bioestat para as medidas e análise estatística. Resultados e Discussão: Os resultados indicam que há uma redução significativa no número de pausas silenciosas e aumento de pausas silenciosas nos três momentos da análise. Em relação à duração, as pausas, independente de preenchimento ou não, têm duração menor na última na fase (p-value=0.0211). Quanto à produção de neologismos, há um declínio gradual de não-palavras. A taxa de ocorrência de palavras (em relação à produção de neologismos), diferencia estatisticamente as três etapas da terapia. Na última fase, o sujeito produz mais palavras, o que sugere uma menor dificuldade na seleção lexical, em relação às etapas anteriores (p-value=0.0001). O aumento das pausas preenchidas e queda das pausas silenciosas, além da diminuição da duração, parecem estar ligados diretamente à redução de neologismos. Este estudo pode contribuir para corroborar análises qualitativas sobre os efeitos do trabalho de acompanhamento linguístico-cognitivo com sujeitos afásicos na perspectiva enunciativo-discursiva desenvolvida no CCA. |