62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Moradores de rua e suas representações - aventuras e desventuras discursivas no YouTube |
Autor(es): | Lucas Rodrigues Lopes. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Morador(es) de rua, Morador(es) de rua, Representações |
Resumo |
Pretende-se identificar e discutir as representações da dimensão nômade, de andejo e de cuidado de si que emergem no que é dito e silenciado por moradores de rua. Escutar seus dizeres e silêncios possibilitará mapear como os moradores de rua (re)constituem sua história e se fazem sujeitos. Com base em conceitos da psicanálise e do discurso e em estudos foucaultianos sobre a produção da subjetividade, analisamos recortes discursivos selecionados a partir de entrevistas veiculadas no site Youtube. Partimos da premissa de que, na rua, compartilham gestos, falas, modo de vestir e andar de seus pares sejam da comunidade de onde vieram ou do grupo com que convivem. Emerge, então, o resultado de um complexo processo histórico de fabricação no qual se entrecruzam os discursos que definem a verdade do sujeito, as práticas que regulam seu comportamento, os modos de subjetivação que o constituem. É a própria experiência de si, construída historicamente, como aquilo que pode e deve ser pensado, transmitido e aprendido. Isto porque toda cultura transmite um repertório de modos de experiência de si, e todo membro de uma cultura aprende a ser pessoa interagindo com as modalidades incluídas nesse repertório. Nesse sentido, ocupar a rua e fazer dela sua morada em oposição a habitar casas, além de construir e transmitir uma experiência “objetiva” do mundo exterior, transmite também experiências de si e dos outros como “sujeitos”. Assim haveria uma relação dialética entre “subjetividade” e “experiência de si”, pois só há sujeito porque ele pode traçar a genealogia de sua experiência, por meio de narrativas de si. Em grupos, os moradores de rua desabitam bairros próximos do centro da cidade, onde desorganizam suas "quebradas" com cobertores e papelões. A rua pode se tornar o símbolo de unidade deste grupo, dar pertencimento aos que a nada pertencem. A trama do fio da rua é tecida de aventuras e desventuras discursivas. Se a experiência de si é histórica e culturalmente contingente, ela é também transmitida e aprendida e se repete nos dizeres e silêncios dos moradores de rua. |