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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: O excesso que falta na fala escrita de “Belinha”, de Marcelino Freire
Autor(es): helba carvalho, helba carvalho. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Estilística, Estilística, Enunciação
Resumo

O presente trabalho analisa a presença de um esquema de repetições de palavras no conto “Belinha”, do livro Angu de Sangue (2000), de Marcelino Freire, que revela não só as marcas de oralidade no texto e o excesso de recorrências, mas, em oposição, a presença do discurso da falta do dizer, que impede o narrador de se expressar completamente. Para a análise dessas marcas de expressividade no estilo de Freire, são considerados os estudos de Riffaterre (1989), que define o estilo como a forma permanente de escritura de um autor, em virtude da qual, determinados elementos chamam a atenção do leitor devido à sua “estranheza” e peculiaridade. A estilística concebe o estilo como uma combinatória específica da linguagem, por isso investiga os aspectos do texto que se desviam da norma contextual, pois delas surgem as licenças poéticas, os tropos, as imagens, etc. cuja frequência definem um estilo. Considera-se, também, a estilística em diálogo com a Linguística textual, na medida em que o conto apresenta o uso da oralidade como mimetização da linguagem falada inscrita na linguagem escrita, servindo a determinados fins, como efeito do real, que o narrador busca atingir mimetizando as suas marcas pessoais e as de Belinha, sua interlocutora/enunciatária, além do próprio leitor. Para Fiorin (2003, p. 163), “o enunciatário, como filtro e instância pressuposta no ato de enunciar, é também sujeito produtor do discurso, pois o enunciador, ao produzir um enunciado, leva em conta o enunciatário a quem ele se dirige”. Em outras palavras, é em função das características do leitor que o autor seleciona o léxico, determina a complexidade sintática, recorre ou não a procedimentos figurativos e faz outras escolhas na construção de seu texto. Para João Alexandre Barbosa (2000), que escreveu o prefácio do livro Angu de Sangue, “a voz que narra é a mesma que experimenta, e sofre o narrado e, por isso, a escrita da oralidade parece ser adequada para o registro da liga que resultou da experiência.”