62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Multiplicidade de gestos interpretativos para clássico shakespeariano: o funcionamento da teia literária e a autorização para a autoria no Ensino Fundamental I |
Autor(es): | Mariana Morales da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Autoria, Autoria, literatura |
Resumo |
Estudos da década de 90 já denunciavam que, nas escolas, reservava-se um lugar marginalizado para literatura, interpretação e autoria. Bragatto Filho (1995) constatou que o texto literário era comumente utilizado unicamente para a realização de estudos gramaticais, enquanto que o próprio do literário ficava à margem dos estudos escolares. Pacífico (1996, 2002) verificou que a linguagem era tomada como transparente no espaço escolar e assim ensinava-se que a escrita era inquestionável e ainda o estudo do texto era feito tendo em vista buscar o sentido único legitimado pela escola. Em estudo recente Morales da Silva (2013) deparou-se com o reflexo dessas práticas no Livro Didático utilizado em toda a rede estadual de São Paulo. Por esses estudos pode-se construir um cenário que é bastante recorrente na instituição escolar: práticas de leitura encerradas em práticas escolares, perdendo sua dimensão social; práticas de escrita presas aos sentidos sedimentados fazendo com que os alunos sejam enquadrados na fôrma-leitor (PACÍFICO, 2002), processo por meio do qual o aluno é moldado em uma fôrma padronizada, tanto no processo de leitura quanto de escrita, o que impossibilita os alunos ocuparem a função-leitor (PACÌFICO, 2002) e a função-autor (ORLANDI, 2012). Pela filiação à AD “francesa”, compreendendo o aluno como sujeito discursivo (PÊCHEUX, 2009) constituído por uma heterogeneidade de discursos que o afetam na produção de sentidos de forma singular, objetivou-se investigar como o movimento interpretativo afeta o movimento autoral nos alunos. Para tanto, construiu-se o conceito de teia literária, a partir da relação entre interdiscurso, arquivo e memória discursiva. Este conceito configura-se como uma construção visual do funcionamento de leitura na função-leitor a partir de textos literários clássicos. Foram analisadas produções decorrentes de um trabalho com a teia literária de Romeu e Julieta, em uma escola da rede estadual do município de Ribeirão Preto - SP, com sujeitos-alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. As produções textuais expressam variadas interpretações do clássico shakespeariano e trazem marcas de inscrições autorais de alunos do 3º ano do Ensino Fundamental. Concluiu-se que pelo funcionamento da teia literária os alunos antes interditados, encontraram sustentação e autorização para ocuparem a posição de leitores e autores em seus escritos. |