Programação do 62º seminário do GEL

Nos últimos dez anos, estudos referentes à Lusofonia tem se tornado mais frequente na área de Letras, provavelmente porque provocam reflexões linguístico-culturais e identitárias acerca de países que no passado estiveram sob o domínio do colonialismo português. Muito se tem discutido sobre o papel e a expansão da língua portuguesa no mundo. Nesse sentido, este trabalho científico, buscando contribuir para os estudos acerca da Lusofonia, propõe-se a discutir o papel da língua portuguesa como elemento identitário do povo moçambicano, bem como o conceito de Lusofonia. Para tanto, são apresentados como objetivos de pesquisa: discutir as definições e os conceitos atribuídos ao termo Lusofonia, buscando identificar e relacionar o mais adequado à proposta desta pesquisa; abordar o conceito de identidade e de identidade linguística; verificar se há características que delineiam uma identidade lusófona; contextualizar histórica e linguisticamente Moçambique; averiguar se há identificação dos moçambicanos com a língua portuguesa e se por ela se sentem representados. O universo teórico compilado sobre Lusofonia e Identidade fundamentou-se respectivamente nos autores Brito e Martins (2002, 2004 e 2005), Cristóvão (2008), Lourenço (2001) e Rosário (2007e 2012); e Bauman (2005), Mattoso (1998), Hall (2006). Ainda no plano teórico, para tratar do contexto histórico-linguístico de Moçambique, recorremos aos investigadores moçambicanos Firmino (2002), Lopes (1997, 2002 e 2004) e Gonçalves (1997, 2007). A metodologia de pesquisa adotada baseia-se não só na pesquisa bibliográfica – por meio da leitura reflexiva de livros, periódicos científicos e sites especializados nas áreas de Lusofonia, Identidade e Moçambique – como também se constitui por meio de pesquisa in loco. A pesquisa de campo foi realizada por meio de entrevistas – com perguntas fechadas e abertas, tendo sido entrevistados 11 professores moçambicanos, constituindo o corpus de análise deste trabalho. Os resultados da análise apontam para a língua portuguesa como elemento identitário do povo moçambicano, embora a sensação de pertença ao universo lusófono não esteja tão evidente em Moçambique.