62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Questões sobre redação de vestibular, gênero e ensino de escrita |
Autor(es): | Marcela Franco Fossey. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | dissertação de vestibular, dissertação de vestibular, ensino de escrita |
Resumo |
Provas de redação estão presentes nos vestibulares nacionais desde a promulgação do Decreto no. 79.298, de 24 de fevereiro de 1977. Esta determinação foi resultado de um longo período de debates que a antecedeu, em torno do ensino pouco eficiente do português escrito no Brasil da época. E o vestibular, que até então usava exclusivamente questões de múltipla escolha, foi frequentemente apontado como responsável pela falta de capacidade de escrita dos jovens brasileiros: media apena a capacidade de fazer cruzinhas (Soares, 1978). Passados mais de 35 anos desde a introdução da redação nos vestibulares – que solicitam, em sua grande maioria, a produção de dissertações – , o ensino de escrita ainda deixa a desejar: os jovens continuam saindo do ensino básico com imensas dificuldades de produção textual, como atestam avaliações como o SARESP e os próprios vestibulares. E, ironicamente, é comum atribuir parcela da responsabilidade pelos resultados insatisfatórios do ensino da escrita nas escolas ao próprio vestibular, que teria como efeito retroativo a indesejável prática quase que exclusiva de escrita de dissertações “para passar no vestibular”, especialmente no Ensino Médio. Muitos críticos das dissertações apontam que este seria um texto artificial, inexistente fora das escolas, o que impossibilitaria, inclusive, classificá-lo como um gênero. Neste trabalho, será analisado um conjunto de dissertações do Vestibular do Meio de Ano da UNESP – 2013 com o objetivo de demonstrar que dissertações de vestibular são um gênero genuíno. Além disso, buscar-se-á demonstrar que tratar dissertações como um gênero possibilita trabalhos em sala de aula muito mais eficientes na tarefa de “ensinar escrever”, e que vão ao encontro das diretrizes contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa - PCN, nas Orientações educacionais complementares - PCN+ e nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio - OCEM, que definem os gêneros como peça fundamental para o ensino de leitura e escrita. Para tanto, serão consideradas as discussões sobre gênero apresentadas em Marcuschi (2008) e Antunes (2010), e os conceito de cena da enunciação, tal como proposto por Maingueneau (1998, 2005, 2010). |