62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Políticas linguísticas, políticas de resistência: as novas paisagens multilíngues brasileiras |
Autor(es): | Terezinha de Jesus Machado Maher. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | políticas linguísticas, políticas linguísticas, multiletramentos |
Resumo |
O estudo de Paisagens Linguísticas (Linguistic Landscapes), um campo de pesquisa que vem se desenvolvendo na última década a partir, principalmente, dos trabalhos de Shohamy (2006, 2008 e 2012), busca compreender de que forma as línguas são, por motivos funcionais ou simbólicos, disponibilizadas e representadas em lugares e espaços públicos, seja por meio de textos completos (impressos – em placas, grafites, outdoors, por exemplo – ou disponíveis virtualmente), da presença de palavras isoladas com sentidos marcados e de imagens (fixas ou em movimento). O objetivo deste trabalho é descrever alguns resultados de uma pesquisa em andamento que se propõe a verificar os modos como as línguas minoritárias brasileiras (línguas indígenas, línguas de imigração e LIBRAS) vêm tomando de assalto o ciberespaço, forçando-nos a reconhecer sua existência. Vítimas das políticas de uniformização linguística (OLIVEIRA, 2009), essas línguas e seus falantes, resistindo à situação de invisibilidade e subalternidade em que foram historicamente colocadas, encontram, nos novos letramentos digitais, espaços para tentarem se libertar de cerceamentos a elas impostas no passado, contribuindo, assim, para, de certa forma, redimensionar a ecologia linguística brasileira. O corpus selecionado para a apresentação aqui proposta inclui textos verbais e imagéticos disponibilizados no YouTube e em documentários produzidos pelo organização não governamental Vídeo nas Aldeias e pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). As contribuições da teoria dos multiletramentos (ROJO, 2010) servirá de anteparo para a análise dos dados. A expectativa é que consigamos chamar a atenção para o fato de que a Internet tem sido utilizada para que as lutas políticas de falantes de línguas minoritárias do Brasil sejam reconhecidas, divulgadas e, fato que nos interessa mais de perto, suas línguas sejam visibilizadas. O trabalho se encerrará com algumas palavras de caução: evidentemente, a disponibilização pública de amostras de línguas ou discursos sobre línguas, nada nos diz sobre o uso efetivo delas feito localmente (SHOHAMY, 2012). Para que saibamos como essas línguas circulam nas diferentes comunidades, que papel elas ocupam nas ecologias de diferentes ambientes linguísticos (MÜHLHÄUSLER, 2000; HORNBERGER, 2002), como seus falantes se sentem e se comportam em relação a elas, de que forma elas vem, ou não, sendo transmitidas, ensinadas é preciso também investir em pesquisas de base etnográfica. |