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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: As figuras femininas representativas da identidade acadiana em Mariaagélas e Les Cordes-de-bois, de Antonine Maillet
Autor(es): Nelson Luís Ramos. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Identidade, Identidade, Língua Francesa
Resumo

Em boa parte das obras de Antonine Maillet – escritora acadiana (canadense de língua francesa) –, transparecem explicitamente personagens, lugares, costumes, falares que deixam evidenciada a identificação dessa minoria linguística pertencente ao francês que faz parte do Canadá. A obra de Maillet transcendeu suas origens e a autora se tornou uma celebridade dentro da Francofonia – como também no Canadá e mesmo mundo afora –, acabando por ter seu nome associado à própria representação da Acádia. Dentre seus romances em que a Acádia mais se destaca, La Sagouine e Pélagie-la-Charrette são os mais conhecidos, mas para o presente trabalho selecionamos Mariaagélas (1973) e Les Cordes-de-bois (1977), ambos (como nos dois anteriores) habitados por mulheres fortes, corajosas e inventivas. Assim, como se percebe, um dos temas maiores da obra mailletiana é a mulher, tendo ao seu lado o mar (la mer, em francês), que se confundem com a própria Acádia, país misterioso, indomável, caprichoso e intuitivo, que emerge das dificuldades com toda a vontade de viver e de existir. Se essas características mostram-se fundamentais para a análise e compreensão de sua obra romanesca, a escolha dos dois textos por nós selecionados deveu-se, sobretudo, à proximidade entre as duas personagens principais (bem como as antagonistas das duas), que aparentemente se repetem em ambas as obras: parece haver um paralelismo no desenvolvimento da trama dos dois romances, que pretendemos aqui evidenciar, sem deixar de lado o caráter identitário de ambos. Como nos informa a própria Antonine Maillet, a vida acadiana tinha o lado feminino que predominava, e aqueles anos, os da crise e da guerra, tinham valores femininos que se faziam mais presentes. Desta forma, é toda uma parte da vida dela, do seu espaço-temporal, de sua história e de sua biografia, como também de seu temperamento, que faz com que suas personagens sejam preferencialmente femininas. Para efetuar nossa abordagem focada na identidade, recorreremos a teóricos como Stuart Hall e Katrin Woodward (Identidade e diferença), Benedict Anderson (Comunidades imaginadas), Hugo Achugar (Planetas sem boca), Marc Ferro (História das colonizações), Tzvetan Todorov (O medo dos bárbaros) e Pierre Bourdieu (O poder simbólico), que nos oferecem elementos para discutir a identidade e a nação no contexto atual. De posse de tais aportes, acreditamos que o estudo dos dois romances nos permitirá uma maior reflexão sobre a identidade acadiana, no caso, evidenciada pela figura feminina.