62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
---|---|
Título: | O papel das categorias textuais na análise de gêneros midiáticos: referenciação e gestão do tópico em um programa televisivo |
Autor(es): | Anna Christina Bentes da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Gêneros midiáticos, Gêneros midiáticos, Tópico discursivo |
Resumo |
Em uma interface da linguística textual com estudos sociolinguísticos e com a teoria da prática, discutiremos processos de referenciação como atividades de categorização social e de construção de registros por atores sociais em contextos urbanos periféricos, bem como a relação entre processos referenciais e os tópicos discursivos como recursos organizadores da experiência social mobilizados por estes sujeitos. Para tanto, assumimos que os gêneros textuais da chamada grande mídia brasileira estão passando por um grande processo de mudança, influenciados, já há algum tempo, pelas práticas jornalísticas e/ou midiáticas alternativas - que se fortaleceram e se infiltraram no cotidiano de uma diversidade de atores sociais - caracterizadas principalmente pela multiplicação de perspectivas na constituição do “fato jornalístico” e pelo uso de novas tecnologias. Podemos observar esse movimento de inovação em duas dimensões textuais-discursivas dos gêneros: os tópicos instaurados e as formas de categorização social encenadas por meio dos textos exemplares de cada gênero. Ao observarmos alguns usos das expressões referenciais pelos participantes do Programa Manos e Minas (programa midiático que constituiu o corpus da pesquisa financiada pela FAPESP no período de 2009 a 2013 - Processo 2009/08369-8), por exemplo, é possível começar a postular que esses usos indiciam: a. Múltiplas e/ou sobrepostas identidades sociais para os falantes, tais como a de manos de periferia, protagonistas de movimento social, rappers, trabalhadores com uma certa consciência de classe) que emergem no interior de um determinado campo social; b. Uma situação comunicativa específica, a entrevista no auditório do programa, que possibilita a emergência de registro popular e a encenação das identidades ao estabelecer um certo tipo de relação entre os interactantes, a saber, de solidariedade, de reconhecimento e de respeito mútuos. Sendo assim, é possível dizer que pelo menos um dos registros do programa “Manos e Minas” (aquele mobilizado em entrevistas curtas com participantes do auditório do programa) apresenta o caráter reflexivo proposto por Agha (2007) em função do uso típico de formas referenciais. Elas indiciam, considerando-se o nível textual-discursivo, o redirecionamento do tópico discursivo e a direção argumentativa que o sujeito quer dar ao seu enunciado. Por fim, nossas análises corroboram as análises desenvolvidas por Granato (2011). A autora postula que o programa “Manos e Minas” não apenas trata de tópicos relacionados à vida social da periferia, mas também traz esses temas a partir do ponto de vista dos sujeitos das periferias com vistas à legitimação de suas práticas sociais. |