Programação do 62º seminário do GEL

O presente artigo tem como objetivo investigar as metáforas do discurso de posse de Barack Obama e a tradução empregada a estas. Diante da delicada situação econômica dos EUA em 2009, ano em que Barack Obama assumiu a presidência, se fez necessário considerar o contexto sócio-histórico em relação ao processo discursivo. Obama não se refere em seu discurso apenas a dados estatísticos e as graves consequências da crise, mas faz principalmente apelo às emoções, sentimentos e conduta, procurando alcançar a população e corroborar a sua ideologia progressista, que almeja alcançar prosperidade, progresso econômico e responsabilidade social. As escolhas linguísticas usadas pelo presidente indicam um posicionamento perante a população, é por meio das estratégias retóricas que ele cativa a população. Nesse sentido, tornou-se também objeto deste estudo as estratégias utilizadas para transmitir confiabilidade à população por meio das metáforas presentes em seu discurso, que foram traduzidas e disseminadas para outras línguas. O estudo explora a metáfora como um dos mais relevantes elementos da retórica – poderosa estratégia persuasiva no discurso – e como a tradução das mesmas foram feitas no texto em português. Investigando essas questões, o estudo se baseou em teorias distintas, porém complementares; os autores Lakoff e Turner (1999) fundamentaram a corrente sócio cognitivista da metáfora; as categorias de análise de metáforas propostas por Lynne Cameron (2009) auxiliaram a pesquisa e para a análise da tradução da metáfora, fez-se uso da Teoria da Metáfora Conceptual de Lakoff e Johnson (1980). Estabelecer um olhar atento sobre o conteúdo metafórico é uma tentativa de iluminar as intenções do presidente nessa liderança. A análise da linguagem metafórica do discurso em questão nos permite delinear, ao menos parcialmente, o perfil e o projeto político de Obama. Assim, o artigo aborda a Análise do Discurso, as ideologias e a significação de um enunciado perante determinado momento sócio-histórico, bem como a escolha das traduções de metáforas inseridas no discurso político.