62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | A construção diz que... mas: uma abordagem sistêmico-funcional e cognitivista |
Autor(es): | Paulo Roberto Gonçalves Segundo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Espaços Mentais, Espaços Mentais, Correlação |
Resumo |
A abordagem sistêmico-funcional (Halliday & Matthiessen, 2004) assume o significado como aspecto central da linguagem e busca analisar tal fenômeno em relação aos aspectos sociais e situacionais que envolvem a dialética entre uso e sistema linguístico. A perspectiva cognitivista (Langacker, 2008; Fauconnier & Turner, 2002), por sua vez, foca a relação entre a língua e as outras capacidades cognitivas humanas, como a atenção, a categorização, a perspectivização e a memória, buscando entender de que maneira o significado é forjado a partir da interação entre a cognição e o uso contextualizado da linguagem. Em outros termos, trata-se de perspectivas que podem se complementar para um olhar minucioso da tríade linguagem, cognição e sociedade. O objetivo deste trabalho é abordar a construção diz que... mas a partir dessas duas óticas. Por um lado, assume-se a perspectiva do engajamento, um subsistema ligado à Avaliatividade (Martin & White, 2005), orientado para a depreensão da construção da perspectiva na linguagem, permitindo ao analista examinar o grau de aceitabilidade ou rejeição de alternativas dialógicas implícitas ou explícitas em relação ao posicionamento autoral; e, por outro, considera-se a abordagem dos Espaços Mentais (Fauconnier & Turner, 2002; Fauconnier, 2007), voltada para a análise da dinâmica de processamento da produção e da compreensão linguísticas localizadas, possibilitando investigar de que forma a construção em foco ativa pistas para que o leitor-ouvinte interprete o enunciado conforme a perspectiva autoral, de teor crítico e, potencialmente, irônico. Nesse sentido, tem-se uma construção que instaura, por um lado, expansão dialógica por distanciamento, na medida em que o produtor traz ao texto uma voz externa que assume uma posição de disjunção em relação à oração projetada, e, por outro, contração dialógica, uma vez que a oração adversativa (concessão paratática, em termos sistêmico-funcionais) cria uma contra-expectativa, reduzindo o espaço de aceitabilidade da relação de implicação entre esta e a oração projetada. Tal estrutura permite, assim, ao falante construir uma crítica generalizada a atores sociais, baseando-se numa relação retórica de contradição entre ato e discurso. Cognitivamente, tal construção fundamenta-se na abertura de um Espaço Mental de Fala genérico, atribuível a qualquer conceptualizador, cujo conteúdo contradiz as informações do espaço-base do falante, que inclui dados de um frame que não se coaduna com aqueles do espaço projetado. |