62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Tempo e eventos |
Autor(es): | Denise Miotto Mazocco. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | semântica , semântica , evento |
Resumo |
O objetivo deste trabalho é analisar a referência temporal de eventos. Para tanto, foram selecionadas sentenças que se referem a acontecimentos históricos em textos de historiadores especializados em História do Brasil, uma vez que, nesses casos, a marcação temporal usualmente não é garantida pelo verbo: além do pretérito, as flexões no presente e futuro também são utilizadas para se referir ao passado. Por exemplo, em uma sentença como Getúlio Vargas permanece no poder durante o Estado Novo, sabe-se que se trata de um acontecimento passado porque o tempo é expresso tanto pelo indivíduo Getúlio Vargas quanto por Estado Novo. A fim de explicar isso, buscou-se uma teoria que permitisse representá-los sob uma mesma estrutura. Link (1998) propõe uma ontologia para indivíduos e eventos, em que considera que a representação de ambos tem a estrutura de reticulados. Indivíduos e eventos seriam tipos de processos: entidades mereologicamente estruturadas que ocupam espaço e estão envolvidas no tempo, por isso têm traços de tempo, espaço e de tempo-espaço. Indivíduos são processos estacionários, enquanto eventos são processos restritos que se submetem a mudanças e são equipados com uma estrutura discernível de papéis que são característicos do evento em questão. O sistema de representação apresentado por Link(1998) é composto pelos conjuntos de indivíduos (A), de eventos particulares (E), de períodos de tempo (T), de regiões espaciais (H) e de tipos de vento/eventos tipo, e pelas funções parciais do traço temporal e do traço espacial. Da sentença acima, pode-se dizer então que Getúlio Vargas compõe o conjunto A de indivíduos e tem um papel R no evento permanecer durante o Estado Novo. O traço temporal do evento é marcado pelo nome Estado Novo, que se refere ao período de 1937 a 1945. Como os domínios estão interligados, a função de tempo garante a relação entre o evento e o conjunto T, e uma vez que o indivíduo do conjunto A exerce um papel em E, também está relacionado ao conjunto do T. Seguindo esse modelo de análise, este trabalho destaca o hibridismo do nome Estado Novo, dado que pode ser um localizador, um evento ou um indivíduo. Ao considerar traços temporais de eventos e indivíduos, a partir desse modelo de Link (1998), é possível explicar a localização de acontecimentos/processos históricos no tempo, do que uma teoria de pontos/intervalos de tempo como a de Smith (1997) – que tem como base Reichenbach (1947) – não dá conta. |