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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: A suave voz do sexo: as mutações no discurso da sexualidade no jornal Mulherio (1981-1988)
Autor(es): Juliane de Araujo Gonzaga. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave discurso, discurso, sexualidade
Resumo

Esta pesquisa propôs investigar os discursos no domínio da sexualidade, produzidos por uma imprensa feminista: o jornal Mulherio. Publicado de 1981 até 1988, esse veículo foi escrito e editado por jornalistas, historiadoras e sociólogas feministas, a partir de um lugar acadêmico e institucionalizado, o que lhe conferiu mais possibilidades de se posicionar frente às decisões e medidas do Estado, da Igreja, da medicina e da economia política, no que concerne ao exercício da sexualidade e às decisões sobre o corpo da mulher. A conjuntura histórica em que emergiram esses discursos é marcada pela abertura lenta e gradual na política, por mais possibilidades de manifestação e por mudanças sociais e culturais na vida pública e privada. Nesse contexto, esta pesquisa pretendeu analisar os discursos no domínio da sexualidade feminina no Brasil, por meio de “trajetos temáticos”, a fim de verificar se houve manutenções, mutações ou dispersões nesses discursos ao longo daquela década. Propomos, então, os seguintes temas para análise: o prazer sexual; a legalização do aborto; o planejamento familiar e a divulgação de saberes sobre sexualidade na mídia. O aparato teórico-metodológico que conduziu esta pesquisa é o da Análise do Discurso francesa, mais especificamente, a noção de trajeto de temático de Guilhaumou e Maldidier, as proposições de Jean-Jacques Courtine sobre memória discursiva e as reflexões de Michel Foucault acerca do método arquegenealógico. A visada arquegenealógica sobre esses discursos permitiu, a partir da descrição das condições e possibilidades históricas, compreender as regras de formação e os saberes produzidos nesses discursos e, ainda, os efeitos dos jogos de saber-poder no funcionamento de redes de dispositivos. Visto que o domínio da sexualidade é habitado por relações de poder, cujas técnicas e estratégias centram-se na manutenção da vida, na disciplina e na normalização dos corpos, esta pesquisa pôde contribuir para a compreensão das práticas discursivas de “politização do sexo” que irromperam no Brasil nos anos 1980.