62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Concordância de gênero e small clauses livres: algumas considerações |
Autor(es): | Christine da Silva Pinheiro. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | small clauses livres, small clauses livres, concordância |
Resumo |
A small clause livre (SCL) é uma construção sentencial peculiar pouco explorada do português brasileiro. Trata-se de um tipo de sentença predicacional em que a mediação sujeito - predicado não é feita por meio de cópula. A sentença em (1) exemplifica uma construção small clause livre a par de sua “versão completa” apresentada em (2). (1) [Cansativa]PRED [a novela] suj!
(2) [É cansativa] PRED [a novela] SUJ!
SCLs apresentam diversas especificações e restrições (cf. SIBALDO, 2009, ZENDRON DA CUNHA, 2010, etc). Exploraremos uma característica abordada tangencialmente na literatura: a não concordância morfológica de gênero tal como apresentado abaixo. (3) Rápido essa fila! (4) Uma fofura esse caderno! Na sentença (3), temos um sujeito que tem traços phi de gênero [+ feminino] e de número [+ singular], enquanto o predicado exibe traços phi de gênero [+ masculino] e de número [+ singular]. Logo, não haveria “concordância” entre os traços de gênero exibidos pelo sujeito e aqueles exibidos pelo seu predicado. As sentenças trabalhadas na literatura, até então, como exemplos de “não concordâncias” ficavam restritas ao tipo apresentado em (4). Nelas, os predicados não são sintagmas adjetivais (APs), mas sintagmas determinantes (DPs) com funções adjetivais. Em (4), embora tenhamos sujeito com traços phi de gênero [+ feminino] e de número [+ plural] e predicativo com traços de gênero [+masculino] e de número [+ singular], argumenta-se não haver compartilhamento de traços. Sentenças como as em (3) são distintas das sentenças trabalhadas classicamente na literatura por motivos que vão além das classes gramaticais envolvidas. Há diferenças semânticas e sintáticas. Testes sintáticos, como a inclusão de sintagmas negativos (vide sentenças (6) versus (7)) apontam que as sentenças em (3) tem seu predicado movido para uma posição diferente daquela em que se encontram os predicados de (4). (6) Nada cansativa essa novela!
(7) * Nada uma fofura esse caderno!
Filiando-nos à linha Gerativista da Gramática, adotaremos o quadro do Programa Minimalista em seus desdobramentos mais recentes. Discutiremos as noções de gênero e concordância, retomando a clássica distinção entre sexo e gênero gramatical e assim como a oposição entre gênero default e marcado (cf. MARTIN (1975)). Os testes sintáticos aplicados demonstraram um paradigma diferenciado para as construções em (3) versus (4). Essa diferença ratifica a necessidade de investigar com maior profundidade a concordância desencadeada do ponto de vista derivacional. |